efdeportes.com
Tempo e capitalismo: elementos
estruturais do esporte moderno

   
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Campus Ponta Grossa
(Brasil)
 
Dr. Luiz Alberto Pilatti
luiz.pilatti@terra.com.br
 

 

 

 


Resumo
     O presente texto tem como objetivo discutir dois elementos estruturais dos esportes modernos, o tempo e o capitalismo. Trata-se de um estudo exploratório de natureza histórica. A asserção construída indica que as transformações da vida societária, tendo como elementos principais a ética protestante e a evolução dos instrumentos de medição do tempo, proporcionaram condições para a progênie da forma moderna dos esportes.
    Unitermos: Esporte Moderno. Tempo. Capitalismo.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 12 - N° 109 - Junio de 2007

1 / 1

    É difícil precisar quando e como exercícios corporais, utilizados sob formas ancestrais de jogos (tradicionais, populares ou religiosos), passatempos e esportes, tomaram formas complexas de máxima rentabilidade, contemporaneamente apropriada pela indústria do entretenimento com a formatação de esporte moderno. Essa passagem designa, sem dúvida, um fato novo, que se identifica como um processo complexo, diretamente ligado à utilização do tempo e ao capitalismo (GEBARA, 1994).

    Até aproximadamente 1650, particularmente na cultura ocidental, a forma de se compreender o tempo estava diretamente ligada aos fenômenos da natureza: o tempo chamado de natural determinava o ritmo de vida das pessoas. Nas sociedades ocidentais, os exercícios corporais eram utilizados normalmente em ocasiões especiais, com a finalidade de celebrar acontecimentos ou simplesmente de lazer (THOMPSON, 1991).

    A partir da segunda metade do século XVII, a forma de se compreender o tempo sofre transformações. O tempo natural, gradativamente, vai deixando de determinar o ritmo de vida das pessoas em função de um ritmo autômato, determinado pelo relógio. A mudança do controle do tempo social começa a produzir alterações significativas na sociedade da época; a principal delas foi à mudança da disciplina do trabalho.

    Estas transformações determinaram um fracionamento gradativo do tempo (hora, minuto, segundo...); antes, o tempo natural era mais adequado, por ser humanamente mais compreensível que o tempo medido pelo relógio, por ser comum a uma sociedade, por impor obrigações similares e porque o relógio não impunha a idéia de urgência.

    Com o fracionamento do tempo, as relações do controle do tempo social ficam cada vez mais complexas, a venda do trabalho é progressivamente determinada pelo relógio e não mais em função de tarefas. Com efeito, ocorre uma gradativa ruptura no ritmo de vida das pessoas, com a passagem do ritmo natural para o ritmo autômato, o que determinou mudanças profundas na sociedade da época.

    Na medida em que o relógio, em sua evolução, torna-se cada vez mais uma necessidade, vai ganhando exatidão, o que proporciona um maior sincronismo no trabalho. Essa passagem está diretamente ligada à revolução industrial.

    Antes da grande indústria mecanizada, o tempo do trabalho era medido em relação às tarefas, o que determinava um ritmo irregular de trabalho. O próprio calendário somente se estruturou de forma mais próxima à atual depois da revolução industrial.

    Minimamente pode-se dizer, ao nível do movimento humano, que o mais significativo dentre os fatores que determinaram a revolução industrial, foi o desenvolvimento da maquinaria, substituindo a figura histórica do mestre (profissional que tinha o conhecimento global de todo o processo de produção) e suas ferramentas (MARX, 1989).

    Em conseqüência do processo, ocorre uma fracionalização do conhecimento na medida em que o mestre e sua ferramenta são substituídos pelo operário (profissional que domina uma das partes do processo de produção) e pela máquina.

    O ritmo de vida da humanidade é alterado definitivamente; notadamente o ritmo natural (determinado por fenômenos da natureza) perde sua aplicabilidade, para que o ritmo autômato (determinado pelo relógio) de marcação do tempo se torne universal, com o trabalho ganhando um ritmo regular.

    Na Sociedade Industrial, o trabalho torna-se mecânico e desumanizado. Instrumentos que libertam o corpo do fardo mecânico tornam os homens coisificados, com a produção social ficando estranha aos mesmos (SOUSA, 1989). O tempo de não-trabalho, a despeito dos impressionantes avanços tecnológicos ocorridos, diminuiu. São os Tempos Modernos de Charles Chaplin.

    A diminuição desse tempo é, em termos práticos, a não materializando do profetizado aumento do tempo livre. Freyre (1973) foi um daqueles que anteviu o futuro balizado pelo aumento do tempo livre. A percepção do devir apresentada por Freyre (1973, p. 108-109) é a seguinte:

[...] criado pela mecanização do trabalho e, sobretudo, em anos recentes, pela automação em começo [...] o tempo desocupado começa a avultar de tal maneira sobre o ocupado que se pode prever a redução do ocupado a verdadeira insignificância quantitativa. Problemas, portanto, como o da organização do trabalho, o da organização de trabalhadores, o dos sindicatos de atividades operárias - problemas relacionados com o tempo ocupado - tomam o aspecto, nos países mais automatizados, de problemas já meio arcaicos, ao lado dos de preenchimento e organização do tempo desocupado.
Que estes é que se apresentam ao futurólogo ou futurologista como os de importância decisiva para o reajustamento das relações interpessoais e intergrupais que a automação começa a exigir das sociedades industrializadas. Restaura-se o prestígio do ócio como positivo de que negócio é o negativo. Restaura-se a relação do Homem com o Tempo em termos menos de produtividade de trabalho individual ou grupal que de capacidade do desocupado - indivíduo ou grupo - para preencher o tempo desocupado ou livre de modo diversamente lúdico, hedônico e, em alguns casos, criador ou sublimador: a criação artística, a invenção científica, a contemplação do caráter filosófico, a diversificação de atividades esportivas, com o máximo de participação dos indivíduos nessas atividades diversificadas, a sublimação do ócio pela meditação ou pelo êxtase religioso, quer da parte de indivíduos, quer da parte de grupos unidos por afinidades.

    As mudanças do ritmo possibilitaram um momento bastante significativo, intrinsecamente, determinando a própria história do esporte, por um lado, e abrindo uma espécie de nicho, como apontado por Freyre (1973), por outro. A questão do tempo e a evolução da maquinaria produziram transformações tais que não se concebe mais um atleta, ou um esporte moderno, num ritmo natural, ainda que alguns esportes não tenham o cronômetro como baliza de sua duração.

    Ao mesmo tempo em que as máquinas sistematicamente foram alterando o ritmo do trabalho humano, o movimento humano, em outra dimensão, teve seu ritmo alterado, permeando uma inversão de valores tal, que as máquinas passaram a determinar o ritmo de vida das pessoas e os padrões de movimentos esportivos (movimentos tecnomotores específicos); modificou a existência do esporte e, em certa medida, do que veio a se chamar posteriormente de Educação Física.

    Essas duas formas de compreender o tempo, a partir das visões de Marx e Thompson, apresentam similitudes, fornecendo uma visão que, mesmo inadequadamente, pode-se chamar de uma "visão comum". Em última análise, Marx dimensiona o tempo pelo ritmo de produção (do trabalho) e Thompson estabelece uma dimensão do tempo em função dos ritmos naturais e autômatos; tanto Marx quanto Thompson convergem para a revolução industrial.

    Mesmo admitindo que esta seja a dimensão comum dada ao tempo, existem possibilidades diferenciadas para seu entendimento. Uma dessas possibilidades se explicita na leitura de Weber (1967).

    Sustentado nos escritos de Benjamin Franklin, Weber (1994) percebe o tempo pela máxima deste autor: "Time is Money", ou seja, "tempo é dinheiro". Assim, não se controla mais o tempo somente pelo relógio, controla-se também pelo dinheiro. Em última instância, tempo e dinheiro são faces absolutamente notórias do esporte hodierno. Para Weber (1967, p. 33),

o summum bonum desta "ética", a obtenção de mais e mais dinheiro, combinada com o estrito afastamento de todo gôzo espontâneo da vida é, acima de tudo, completamente destituída de qualquer caráter eudemonista ou mesmo hedonista, pois é pensado tão puramente como uma finalidade em si, que chega a parecer algo de superior à "felicidade" ou "utilidade" do indivíduo, de qualquer forma algo de totalmente transcendental e simplesmente irracional. O homem é dominado pela produção do dinheiro, pela aquisição encarada como finalidade última da sua vida. A aquisição econômica não mais está subordinada ao homem como meio de satisfazer suas necessidades materiais. Esta inversão do que poderíamos chamar de relação natural, tão irracional de um ponto de vista ingênuo, é evidentemente um princípio orientador do capitalismo, tão seguramente quanto ela é estranha a todos os povos fora da influência capitalista.

    Weber percebe, nesse momento transitório, onde a revolução industrial se consolida, que a vida está inteiramente ligada a certas idéias religiosas. Na ordem econômica da época, ganhar dinheiro era, se feito dentro de limites socialmente aceitos, o resultado e a expressão de virtude e de eficiência de uma vocação. Mesmo assim, a riqueza em si constituía sério perigo, porque "suas tentações nunca cessam, e a sua procura não é apenas desprovida de sentido, quando comparada com a superior importância do reino de Deus, como moralmente suspeita" (WEBER, 1967, p. 111). O que é evidente numa sociedade, onde há perda de tempo

é o primeiro e o principal de todos os pecados. A duração da vida é curta demais, e difícil demais, para estabelecer a escolha do indivíduo. A perda de tempo através da vida social, conversas ociosas, do luxo, e mesmo do sono além do necessário para a saúde - seis, no máximo oito, horas por dia - é absolutamente indispensável do ponto de vista moral. Não se trata assim do "Time is Money" de Franklin, mas a proposição lhe é equivalente no sentido espiritual: ela é infinitamente valiosa, pois, de tôda hora perdida no trabalho redunda uma perda de trabalho para a glorificação de Deus. (WEBER, 1967, p. 112)

    Surge com a Reforma (ou revolução) religiosa uma espécie de tendência ética básica para a valorização do trabalho, caracterizada pelo puritanismo, a qual proporcionou condições para surgimento do capitalismo.

Com efeito, quando Deus, em cujas disposições o puritano via todos os acontecimentos da vida, aponta, para um de Seus eleitos, uma oportunidade de lucro, êste deve aproveitá-la com um propósito, e, conseqüentemente, o cristão autêntico deve atender a êsse chamado, aproveitando a oportunidade que se lhe apresenta. "Se Deus vos aponta um meio pelo qual legalmente obtiverdes mais do que por outro (sem perigo para a vossa alma ou para a de outro), e se o recusardes e escolherdes um caminho menos lucrativo, então estareis recusando um dos fins de vossa vocação, e recusareis a ser o servo de Deus, aceitando suas dádivas e usando-as para Êle, quando Êle assim o quis. Deveis trabalhar para serdes ricos para Deus, e, evidentemente, não para a carne ou para o pecado". (WEBER, 1967, p. 116)

    O comportamento ascético, influenciando o desenvolvimento do estilo de vida capitalista, era orientado principalmente contra uma atitude: "a de desfrutar espontaneamente a vida e tudo o que ela tem para nos oferecer" (WEBER, 1967, p. 119). Desta maneira, até o próprio esporte passou a ser atacado pelos ascéticos.

    A aversão do puritanismo pelo esporte não acontecia por uma questão de princípios. O motivo residia no fato de que o esporte era suspeito de servir apenas como diversão ou para despertar o orgulho, ou ainda para satisfazer os instintos e o prazer irracional, o que era evidentemente condenado e contrário à única finalidade, que lhe poderia ser pertinente, o restabelecimento de eficiência do corpo.

    Com a expansão dos valores puritanos, o que é evidentemente mais significativo que o simples fomento à acumulação de capital, novas condições para uma vida econômica racional e burguesa são conformadas, apesar de que o fato tendia a ser renegado, devido à excessiva pressão das tentações da riqueza, o que era reconhecido pelos próprios puritanos.

    O aumento das riquezas acompanhou uma diminuição da religião em mesma medida semelhante. Assim, a religião, que deu condições de obtenção de lucros, viu-se paradoxalmente afastada dos seguidores, que os obtiveram. A religião, que necessariamente deveria produzir a operosidade, como senso de economia, deu lugar, por fim a uma ética burguesa, a qual

Consciente de estar na plena graça de Deus, e sob a sua visível bênção, o empreendedor burguês, enquanto permanecesse dentro dos limites da correção formal, enquanto sua conduta moral fôsse sem manchas e não fôsse objetável o uso da sua riqueza, podia agir segundo os seus interêsses pecuniários, e assim devia proceder (WEBER, 1967, p. 127).

    Esta nova percepção das coisas acabou por consolidar o distanciamento dos valores puritanos ou pietistas a que a classe burguesa de fins do século XIX ainda permanecia associada. Weber (1967, p. 131) percebe isto e a influência destes valores.

Desde que o ascetismo começou a remodelar o mundo e a nêle se desenvolver, os bens materiais foram assumindo uma crescente, e, finalmente, uma inexorável fôrça sobre os homens, como nunca antes na História. Hoje em dia - ou definitivamente, quem sabe - seu espírito religioso safou-se da prisão. O capitalismo vencedor, apoiado numa base mecânica, não carece mais de seu abrigo.

    Nesta ótica, o grande acontecimento da história não foi a revolução industrial, foi a reforma religiosa: origem esta de uma nova ordem, onde o lucro deixou de ser pecado, pois com o dinheiro poder-se-ia (deveria) servir melhor a Deus. Assim contextualizado, o pecado ganha nova dimensão: ganhar dinheiro não é mais pecado, pecado é uso inadequado do dinheiro.

    Dando uma nova dimensão aos posicionamentos de Weber, é possível compreender que a utilização do tempo pode ser vista agora de duas formas: uma para se ganhar dinheiro e outra para usufruí-lo. O tempo, assim, é dimensionado com novos contornos, à medida que se torna tanto tempo do trabalho como do não-trabalho.

    Apesar das diferentes dimensões dadas, a estruturação definitiva do tempo ocorreu no momento em que este foi colocado em quadros, que organizaram a vida pública e o cotidiano nas sociedades correspondentes; referimo-nos ao calendário burguês (LE GOFF, 1992). O tempo dentro do calendário burguês é totalmente social e submetido ao ritmo do universo. Esta é a diferença fundamental dada ao tempo por Le Goff em relação a Marx e Thompson.

    O calendário, em sua história, enquanto instrumento requintado de controle do tempo, sofreu um grande número de intervenções de ordem técnica, religiosa e política que, em suma, foram manipulações dos detentores do poder no próprio tempo, à medida que este, quanto mais fragmentado, permite um maior grau de manipulação e controle.

    Dentro do calendário estão inseridas questões fundamentais para a discussão da estrutura do esporte. Uma dessas questões diz respeito ao trabalho e às festas. Le Goff (1992, p. 518) coloca que

uma função essencial do calendário é a de ritmar a dialética do trabalho e do tempo livre, o entrecruzamento dos dois tempos: o tempo regular, mas linear do trabalho, mais sensível às mutações históricas, e o tempo cíclico da festa, mais tradicional, mas permeável às mudanças da história.

    Observam-se dois tempos; o tempo regular, linear, notadamente ligado às obrigações do trabalho, e o tempo cíclico, que envolve o lúdico. Estas duas formas de tempo proporcionam distinção útil à construção a que se propõe.

    No entanto, um novo grupo de questões relativas a uma nova revolução temporal se evidencia. É o que sugere Rifkin (1989), ao identificar uma transição para uma sociedade pós-industrial. Nessa sociedade, a precisão temporal exigida tende a ser máxima, de tal forma que apenas sistemas de computadores têm suporte para dar as respostas necessárias. O controle do tempo e os processos decisórios de mediação ganham eficiência e fidedignidade, ao mesmo tempo em que deixam de serem processos humanos.

    O esporte moderno, que sempre teve íntima relação com a evolução temporal e a esta associou sua espetacularidade característica, se aproxima evidentemente deste novo grupo de imposições temporais. Cada vez mais, o esporte não é mais determinado pelo movimento humano simplesmente, e sim por suas características performáticas dentro de um sofisticado quadro temporal e por determinações impostas por uma indústria construída no entorno do entretenimento (HIRATA; PILATTI, 2007). Uma fração de centésimos de segundo pode determinar diferenças entre um resultado bizarro e outro espetacular. Basta pensar na mais espetacular das provas olímpicas, os 100 metros rasos no atletismo. Esta passagem é indiscutivelmente o novo indicativo de mudança do esporte moderno.

    Destarte, a evolução histórica do esporte foi possível com as mudanças na forma de se compreender o tempo. No capitalismo, os elementos estruturais, associados à revolução industrial e à reforma religiosa, compõem o quadro que permite conhecer o passado.

Referências

  • FREYRE, Gilberto. Além do Apenas Moderno: sugestões em torno de possíveis futuros do homem, em geral, e do homem brasileiro, em particular. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1973.

  • GEBARA, A. O tempo na construção do objeto de estudo da História do esporte, do lazer e da educação física. In: ENCONTRO NACIONAL DE HISTÓRIA DO ESPORTE, LAZER E EDUCAÇÃO FÍSICA, 2., 1994, Ponta Grossa. Coletânea... Ponta Grossa: Universidade Estadual de Ponta Grossa, 1994. p. 175-189.

  • HIRATA, E.; PILATTI, L. A. Modernidade e a indústria do entretenimento: o produto esporte moderno. Lecturas: Educación Física y Deportes, Buenos Aires, n. 104, enero 2007.

  • LE GOFF, J. História e memória. Campinas: UNICAMP, 1992.

  • MARX, K. O capital, livro 1: o processo de produção do capital. São Paulo: Bertrand Brasil, 1989.

  • RIFKIN, J. Time wars: the primary conflict in human history. New York: Touchstone Book, 1989.

  • SOUSA, F. P. de. A Educação Física em busca de seu curso. Revista da Educação Física/UEM, Maringá, v.1, n. 0, p. 5, 1989.

  • THOMPSON, E. P. O tempo, a disciplina do trabalho e o capitalismo industrial. In: SILVA, T. T. da. (org.) Trabalho, educação e prática social: por uma teoria da formação humana. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991. p. 44-93.

  • WEBER, M. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Pioneira, 1967.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Google
Web EFDeportes.com

revista digital · Año 12 · N° 109 | Buenos Aires, Junio 2007  
© 1997-2007 Derechos reservados