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Análise do estilo de vida de meninos
de rua de João Pessoa - PB

   
Universidade Federal de Santa Catarina.
(Brasil)
 
 
Valbério Candido de Araújo  
Érico Felden Pereira
edfisicasm@yahoo.com.br
 

 

 

 

 
Resumo
     O presente estudo tem como objetivo descrever as características dos comportamentos de risco à saúde de meninos de rua que são atendidos pela Escola Municipal de Ensino Fundamental dos Meninos e Meninas de Rua da cidade de João Pessoa, na Paraíba. O grupo de estudo foi composto por 51 meninos, com idades entre sete e 17 anos. Para coleta de dados foi utilizado um questionário, aplicado sobre a forma de entrevista, que reuniu informações sobre os seguintes aspectos: indicadores sócio-demográficos, atividade física, hábitos alimentares, uso de drogas lícitas e ilícitas, comportamentos sexuais e comportamentos agressivos. Para proceder à análise dos dados, utilizou-se um pacote estatístico (SPSS 10.0), sendo efetuados os procedimentos da estatística descritiva (freqüência relativa e absoluta, média e desvio padrão). Os jovens investigados demonstraram uma iniciação precoce na vida sexual, pois relataram ter a primeira relação sexual por volta dos 11 (onze) anos de idade. A maioria dos meninos (56,9%) referiu-se portadores de armas; apresentam níveis insuficientes de atividade física; já experimentaram bebidas alcoólicas (92,2%) e um em cada três jovens teve contatos com drogas ilícitas. Os comportamentos de risco mais evidentes no estilo de vida dos meninos foram: uso de drogas lícitas e ilícitas e baixo índice de atividade física. Esses resultados remetem à necessidade do desenvolvimento de ações educativas e sociais que possibilitem mudanças dos comportamentos de risco à saúde nesse grupo populacional.
    Unitermos: Meninos de rua. Risco. Saúde.
 
Abstract
     The present study has as objective describes the characteristics of the health risk behaviors to the schoolchildren of the city of João Pessoa. The sample of this study was composed by 51 male students, with ages between 7 and 17 years. In the collection of data a questionnaire was used, applied under the interview form, that gathered information on the following aspects: indicators demographics, physical activity, alimentary habits, use of lawful and illicit drugs, sexual and aggressive behaviors. To proceed to the data, a statistical package was used (SPSS 10.0), being made the descriptive statistics procedures (relative and absolute frequency, average and standard deviation). The studied youths demonstrated a precocious initiation in the sexual life, they referred to have the first sexual relationship about the 11 years of the age. Most of the boys (56.9%) referred they carry weapons, they present insufficient levels of physical activity, they already tried drunk alcohol (92.2%) and an each three studied boys had contact with illicit drugs. The more evident risk behaviors in the boys lifestyle were: I use of lawful drugs and illicit, low index of physical activity, precocious sexuality. Being like this, taking in that those young ones live in risk environment demonstrated high exhibition indexes to risk behaviors to the health already in the most precocious ages it is made necessary development of educational and sociable actions that make possible change of the risk behaviors to the health in that population group.
    Keywords: Schoolchildren. Risk. Health.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 11 - N° 103 - Diciembre de 2006

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Introdução

    O estilo de vida é um objeto de estudo constante nos dias de hoje, haja vista que o mesmo pode influenciar a qualidade de vida tanto de adultos como de crianças e adolescentes. Para Nahas (2001), o estilo de vida é o conjunto de ações habituais que refletem as atitudes, os valores e as oportunidades na vida das pessoas. Ele é composto por comportamentos relacionados à saúde que podem ser positivos ou negativos. Feijó e Oliveira (2001) abordam que comportamento de risco pode ser definido como participação em atividades que possam comprometer a saúde física e mental do indivíduo.

    A adoção de comportamentos negativos pode contribuir para uma maximização de problemas de saúde de forma imediata e mediata. Assim, um estilo de vida composto por diversos comportamentos negativos relacionados à saúde (sedentarismo, consumo de drogas, hábitos inadequados de alimentação, comportamentos agressivos), estará contribuindo para uma provável aquisição de doenças no presente e no futuro. Por outro lado, comportamentos positivos (atividade física regular, hábitos adequados de alimentação, não usar drogas licitas ou ilícitas), favorecem a manutenção da saúde, e em alguns casos, até cura de algumas doenças.

    A família é o principal contexto no qual se aprendem modos de vida que podem favorecer ou prejudicar a saúde. No seio familiar, dada a sua dimensão física e relacional, transmite-se uma cultura que inclui a da própria saúde e que influenciará o tipo de auto cuidados e de comportamentos no presente e no futuro. Portanto, toda criança que não possui a oportunidade de viver dentro do seio familiar, está muito mais propicia a adquirir comportamentos de risco relacionados à saúde. Na adolescência, período no qual o jovem depara-se com o imperativo de definir escolhas cruciais, tais conjunturas constituem-se fundamentais, uma vez que o jovem dá inicio a um processo em que se interroga e se experimenta muito, numa tentativa de construir sua própria identidade, momento no qual se estabelecem estilos de vida e comportamentos, e é organizado um sistema pessoal de valores, fatores que poderão determinar o estado de saúde a médio e longo prazo.

    Estes comportamentos possuem ligação relevante com a dimensão psicossocial, na qual o jovem está inserido. Alguns adolescentes fazem parte de uma população profissionalmente ativa, muitas vezes com grande parte de contribuição na renda familiar. Além disso, a violência intra e extra familiar têm atingido proporções alarmantes e os jovens podem ser tanto vítimas como agressores (Figueiredo, 1996).

    Atualmente, há que se considerar três conjuntos de fatores que influenciam o comportamento de saúde e que podem, efetivamente, serem modificados pelas intervenções educacionais: os fatores predisponentes, relacionados com o sujeito (valores, crenças, atitudes, percepções, informação e motivação), os capacitantes (conhecimento, competências), e os de reforço, de natureza contextual (representações sociais, normas comportamentais, atitudes grupais).

    Constata-se que nas sociedades modernas, que estão em constante transformação, os jovens vêem-se confrontados com situações que anteriormente não representavam importância tão relevante quanto hoje, tais como drogas, álcool, tabaco, alterações nos hábitos alimentares, alto índice de violência dentre outros. Ao estudarmos o estilo de vida de crianças de rua e crianças em situação de risco, estamos entrando em uma clientela pouco estudada, são garotos desvinculados com o ensino regular, que muitas vezes sofrem abusos e exploração, vivendo temporariamente ou permanentemente nas ruas e que muitas vezes perderam completamente vinculo com a família.

    Pouco sem tem investigado a respeito do estilo de vida desses garotos, para que se possa colaborar na formulação de políticas públicas, no entanto, algumas investigações revelam a preocupante e violenta realidade desses jovens. Sudbrack (2004), realizando uma análise do extermínio de meninos de rua no Brasil, entre 1985 e 1995, expõe a dramática situação desta população que vem sofrendo as conseqüências de uma estrutura socioeconômica extremamente desigual, que traz enormes tensões sociais em nosso país e que se arrasta desde a escravidão até nossos dias. No caso específico do estudo de Sudbrack, o autor argumenta que o fenômeno do extermínio de meninos de rua é o resultado de uma articulação entre os grupos de extermínio, da omissão e ausência de defesa das crianças pelo Estado, assim como da indiferença da sociedade civil em relação ao problema. Siqueira (1997) investigando comportamentos infratores de meninos de rua de João Pessoa aborda que as condições de vida e socialização desses jovens são marcadas pela pobreza e abandono e que o comportamento delinqüente muitas vezes é adotado como uma estratégia de sobrevivência em um contexto que se apresenta hostil e marcado pela exploração das classes trabalhadoras pelo modelo capitalista em voga no Brasil.

    Diante disso, percebe-se que o problema dos meninos de rua está atrelado a um emaranhado de outros problemas sociais no Brasil, e que qualquer política pública deverá possuir muito bem definidas metas e formas de operacionalização para que consiga resultados positivos. Em qualquer população, incluindo os meninos de rua, o conhecimento das diferentes características dos grupos em diferentes domínios do ser humano é essencial para o sucesso de qualquer ação social. Assim, este estudo buscou descrever as características dos comportamentos de risco à saúde mais evidentes no estilo de vida dos alunos de uma escola que atende exclusivamente meninos de rua em João Pessoa, Paraíba, Brasil, considerado os seguintes aspectos:

  • Comportamento agressivo;

  • Nível de atividade física;

  • Hábitos alimentares;

  • Comportamento sexual;

  • Consumo de drogas lícitas;

  • Consumo de drogas ilícitas.


Metodologia

    O grupo de estudos desta pesquisa foi formado por 51 alunos com idades entre sete e 17 anos, do sexo masculino, nascidos nas cidades de João Pessoa e em cidades vizinhas, alunos da Escola Municipal dos Meninos de Rua de João Pessoa que atende exclusivamente a meninos de rua ou em situação de risco.

    O instrumento de medida foi um questionário com um roteiro de perguntas enumeradas contendo questões de múltiplas escolhas sobre os hábitos de vida dos alunos levantando dados do tipo: idade, naturalidade, condição de moradia, grau de escolaridade e freqüência escolar nas aulas de educação física, comportamento agressivo, atividade física, hábitos alimentares, comportamento sexual e consumo de drogas licitas e ilícitas. Este instrumento foi desenvolvido pelo Center for Disease and Drevent Heath Cotrol (CDC) e foi traduzido e adaptado para atender as necessidades do estudo. Em relação ao comportamento agressivo as informações foram coletadas a respeito de porte ilegal de armas, porte ilegal de armas na escola, número de vezes que foi à escola armado e se sacou a arma para machucar alguém.

    A respeito das informações sobre a pratica de atividades físicas foram coletadas a freqüência de pratica atividades moderadas, intensas, de força e de flexibilidade, bem com o tempo em assistir TV. Os hábitos alimentares foram coletadas dados a respeito dos números de refeições diárias, regularidades das refeições, bem como qual a refeição tem a maior quantidade de alimentos.

    Sobre o comportamento sexual dos alunos foram coletadas a respeito da idade de iniciação sexual, atividades sexuais regular, freqüência dos números de relações. A respeito das drogas licitas e ilícitas, foram coleta dos dados sobre a idade do primeiro contato, como conseguiu, se usa atualmente, tempo de uso, freqüência de uso nos últimos trinta dias e se já utilizou dentro da escola. Para o uso de drogas pesadas foram especificadas quais eram utilizadas.


Procedimento para a coleta e análise dos dados

    O questionário foi aplicado sob a forma de entrevista. Na área do parque Sólon de Lucena (lagoa), Praia de Tambaú e na própria escola. Os avaliados foram entrevistados de forma individual e não houve nenhuma informação prévia a respeito das perguntas. Anteriormente à coleta dos dados o questionário foi aplicado em um grupo de escolares que não iriam participar da pesquisa para verificar possíveis problemas de má interpretação das questões. Para proceder à análise dos dados, optou-se por elaborar um banco de dados e posteriormente foram transferidos para um pacote estatístico no qual foram efetuados os procedimentos da estatística descritiva, com distribuição de freqüência, desvio padrão níveis de dispersão.


Resultados e discussão

    Neste item estão apresentados os resultados das análises dos fatores de risco relacionados ao estilo de vida presentes no grupo estudado. Na tabela 1, estão descritas as informações sobre os aspectos sociodemográficos com informações sobre a idade, naturalidade, condição de moradia, grau de escolaridade e freqüência escolar nas aulas de educação física.

    Os resultados da Tabela 1 mostram que a grande maioria dos garotos nasceu e vive em João Pessoa, 51% deles vivem permanentemente na rua, 41,2% precisam trabalhar para sobreviver, mais de um terço (35,3%) está na rua há mais de quatro anos e a maioria é analfabeto. Resultados que se assemelham a estudo realizado por Siqueira (1997), em Natal capital vizinha a João Pessoa onde observou-se que 12% dos meninos eram analfabetos e 48,4% passaram menos de quatro anos na escola. Haviam sido expulsos por indisciplina ou evadiram-se por conta própria.

    Nas ruas geralmente estas crianças desenvolvem atividades autônomas em geral de vendedor ambulante. Porem em estudo realizado por Maciel, Brito e Camino (1997), constatou, um grande número de crianças que se ocupavam de atividades como engraxar sapatos, guardar e lavar carros e carregar mercadorias em feiras livres e supermercados, sendo comum a presença de crianças que desenvolviam mais de uma atividade na rua.

    É claro que, pelo fato de estar nas ruas, esta população torna-se mais facilmente exposta a contatos que conduzem à prática de atos delinqüentes, até mesmo por este tornar-se um meio mais fácil de se obter dinheiro. No entanto, o número de meninos de rua que se envolvem em tais práticas é bem menor se comparado com os que desempenham algum tipo de atividade no mercado informal de trabalho. Existe entre os meninos de rua uma consciência generalizada de que "qualquer trabalho é melhor do que pedir e pedir é melhor do que roubar". Segundo Maciel, Brito e Camino (1997), estes meninos vivem constantemente lutando contra a imagem que lhes impuseram de "marginais", procurando afastar de si qualquer característica que possa ser associada com esta imagem estigmatizada. Um fato preocupante é que a maioria dos garotos vive permanentemente na rua, onde passam a noite expostos aos vários comportamentos de risco. Quando perguntados sobre o motivo que os leva a estar na rua, quase a metade (45,1%), falou "porque gosto, porque quero" são respostas um tanto quanto intrigante, já que na rua eles vivem sofrendo maus tratos, agressões, entre outras barbaridades.

    Em razão de quase a metade esta nas ruas 41,2% trabalhado (engraxate ou vendedor), mostra que eles são obrigados a contribuir no orçamento familiar deixando a vida de criança em segundo plano, além de que estes trabalhadores estão a um passo de permanecerem na rua permanentemente.

    Outro resultado preocupante é que mais de um terço dos garotos está na rua a mais de quatro anos, o que é muito grave, pois isto significa que cresceram na rua, prejudicando completamente sua infância e seu aprendizado escolar, os que certamente é um dos motivos do alto nível de analfabetismo entre ele.

    Na tabela 2 estão descritos os resultados de freqüência escolar dos alunos, freqüência nas aulas de educação física e participação nas aulas de educação física.

    Os dados da tabela 2 mostram que a maioria dos alunos não freqüentou a escola na semana passada cerca de 58,8%, a maioria das escolas oferecem aula de educação física duas ou três vezes por semana, mais de 80% dos meninos se interessam pelas aulas de educação física e 57,1% afirma sempre assistir as aulas.

    O problema da evasão escolar é muito comum nessa clientela como mostrado nos dados acima. Quando perguntados sobre as aulas de educação física os garotos em sua grande maioria demonstram bastante interesse, 73,4%. Portanto o esporte como elemento pedagógico, pode ser utilizado como ferramenta de resgate dos garotos a escola, desde que o professor de educação física utilize-se de mecanismos que tenha afinidade com a população em estudo.

    A tabela 3 refere-se ao comportamento agressivo as informações foram coletados a respeito de porte ilegal de armas, portes ilegais de armas na escola, e número de vezes que foi a escola armado e se sacou a arma para machuca alguém de comportamentos agressivos.

     Na tabela 4 pode-se observar que a maioria dos garotos (56,9%) já portou arma, destes mais de um terço (37,3%) já tentou sacá-la contra alguém. 13,7% dos garotos estudados portaram arma mais de uma vez na escola. Estes dados demonstram que os garotos estudados apontam vários comportamentos agressivos, isso pode ser acarretado devido aos garotos vivenciarem vários atos de violência nas ruas, pois já foi visto que os mesmos não são tão influenciáveis pelos meios de comunicação um dos maiores influenciadores de violência, devido a eles disporem de pouco tempo para TV.

    Na tabela 4 estão dados em relação às informações sobre a prática de atividades físicas foram coletados a freqüência de pratica atividades moderadas, intensas, força e flexibilidade, bem como o tempo em assistir TV.

    Nesta tabela estão descritas informações quanto à prática de atividade física dos jovens estudados. Cerca de 63% dos jovens realizam atividades físicas moderadas pelo menos 30 minutos por dia uma vez por semana. Atividades físicas intensas possuem um numero mais reduzido de praticantes, já que 80% não realizam atividades dessa natureza nenhum dia por semana. Para atividades de força foram encontrados 70,6% que praticam esse tipo de atividade no máximo uma vez por semana. E por fim observamos que 35,3% vêem TV mais de 3 horas por dia. Um fator importante mais de difícil mensuração é a quantidade de distancia percorrida a pé por estes garotos, sabe-se que eles passam o dia deslocando-se de varias partes da cidade o que requer o mínimo de preparo físico.

    Na tabela 5 estão os dados Com relação às informações sobre os hábitos alimentares foram coletadas dados a respeito dos números de refeições diárias, regularidades das refeições, bem como qual a refeição tem a maior quantidade de alimentos.

    A tabela 5 nos mostra que a maioria (62,7%) realiza três refeições por dia, quase todos, (84%) não deixa de comer para usar drogas, 66,7% tomam café todos os dias, 80,4% almoça todos os dias, 74,5% jantam todos os dias. O fato deles se alimentarem mais no almoço pode ser devido a vários passaram a noite acordados e dormirem muito pela manha.

    De acordo com os resultados encontrados, estima-se que estes garotos não passam fome nas ruas, mas seria de grande utilidade um estudo de levantamento da qualidade dos alimentos que eles ingerem, já que os mesmos não podem optar pela qualidade da alimentação.

    Na tabela 6 estão os dados com relação às informações sobre o comportamento sexual dos alunos, foram coletadas informações a respeito da idade de iniciação sexual, atividades sexuais regular, freqüência dos números de relações.

    Analisando-se os dados apresentados na tabela 6 percebe-se que a maioria dos alunos já teve relação sexual, cerca de 54,9%, e desses, quase um terço (27,5%) é ativo sexualmente e a metade deles pratica sexo raramente, ou seja, com intervalo acima de dois meses.

    O número de garotos que já teve relação sexual não esta tão longe da média dos garotos que possuem uma vida normal. De acordo com Araújo (2000), o inicio da vida sexual começa em média dos 13 aos 17 anos tanto para homens quanto para mulheres. Fato este que corresponde aos indivíduos analisados, pois de acordo com a tabela a maioria dos garotos já iniciou a vida sexual, o que aumenta a probabilidade de adquirir DST/AIDS além da gravidez precoce, já que na rua os acessos aos métodos contraceptivos são praticamente inexistentes. Fato este que se agrava ao percebermos que quase um terço deles possuem vida sexual ativa.

    Na tabela 7 estão os dados com relação às informações a respeito das drogas licitas, foram coletados dados sobre a idade do primeiro contato, como conseguiu, se usa atualmente, tempo de uso, freqüência de uso nos últimos trinta dias e se já utilizou dentro da escola.

    Os dados apresentados na tabela 7 apontam que quase todos garotos já tiveram contato com o tabaco (86,3%), a maioria adquiriu a droga comprando (56,1%). Destes 56,9% fumam regularmente, já nos últimos 30 dias há maioria fumou pelo menos um dia, já na escola a maioria nunca fumou (62,7%). Praticamente todos também já experimentaram álcool (92,2%), sendo 39,1% compraram, 32,6% adquiriram com os amigos e 28,3 parentes. Destes 52,0% bebe regularmente, já nos últimos 30 dias.

    Na tabela 8 são apresentados informações obtidas a respeito das drogas licitas como idade do primeiro contato, como conseguiu, se usa atualmente, tempo de uso, freqüência de uso nos últimos trinta dias e se já utilizou dentro da escola (na qual "raramente" referisse ao uso a cada dois meses, "freqüentemente" referisse ao uso semanal, "sempre" referisse ao uso diário). Para o uso de drogas pesadas foram especificadas quais eram utilizadas.


Considerações finais

    Os resultados deste estudo mostram que as características do estilo de vida dos jovens investigados apresentam particularidades importantes de serem observadas por educadores e poder público. Em relação a hábitos alimentares, a maioria realiza três refeições por dia apesar de viveram nas ruas, graças, principalmente a projetos sociais; vida sexual bastante ativa, alto índice de comportamento agressivo, grande envolvimento com drogas lícitas e ilícitas. Constatou-se que o índice de exposição destes jovens a comportamentos de risco relacionados à saúde é muito alto, um dos fatores é a idade precoce que vão pra rua.


Referências

  • FEIJÓ, R. B.; OLIVEIRA, E. A. Comportamento de risco na adolescência. Jornal de Pediatria. Porto Alegre, v. 77, supl. nov/dez, p. 125-134, 2001.

  • FIGUEIREDO, M. A. C. Cotidiano e resistência: a vida de meninos e meninas de rua em João Pessoa- PB. Dissertação de Mestrado. Mestrado em Educação. Universidade Federal da Paraíba, 1996.

  • MACIEL, C.; BRITO, S.; CAMINO, L. Caracterização dos meninos em situação de rua de João Pessoa. Psicologia: reflexão e crítica. Porto Alegre, v. 10, n. 2, p.315-334, 1997.

  • NAHAS, M. V. Atividade física, saúde qualidade de vida: conceitos e sugestões para estilo de vida ativo. Londrina: Midiograf, 2001.

  • SIQUEIRA, M. D. A vida escorrendo pelo ralo: as alternativas de existência dos meninos de rua. Estudos de Psicologia. Natal, v. 2, n. 1, p. 161-174, 1997.

  • SUDBRACK, U. G. O extermínio de meninos de rua no Brasil. São Paulo em Perspectivas. São Paulo, v. 18, n. 1, p. 22-30, 2004.

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revista digital · Año 11 · N° 103 | Buenos Aires, Diciembre 2006  
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