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Esporte a Vela e a Educação Física

   
Universidade Veiga de Almeida.
Campus Cabo Frio.
(Brasil)
 
 
Ricardo de Mattos Fernandes
ricardovela@oi.com.br  
Alexandre Motta de Freitas
(orientador)
 

 

 

 

 
Resumo
     A vela é uma das atividades mais antigas da humanidade e com o seu desenvolvimento técnico e divulgação internacional no desenrolar dos tempos, permitiu a formação de um grande mercado mundial com potencial econômico. Em paralelo ao crescimento do mercado esportivo, houve uma transformação na abordagem da atividade física profissional, com a regulamentação da profissão de Educação Física. O esporte a vela vem de encontro com esta nova abordagem, pois é uma realidade para o profissional de Educação Física, visto que é uma atividade que necessita de ensino para que seu praticante possa de forma segura utilizar seu barco e equipamento. O profissional de Educação Física recebeu, então, uma grande responsabilidade com a inclusão oficial de diversas atividades físicas e esportivas na função da profissão, desta feita se tornou necessária à capacitação dos atuais e futuros profissionais de Educação Física.
    Unitermos: Esporte a Vela. Educação Física. Profissionalização. Currículo acadêmico. Latismo.
 
Abstract
     The sail is one of the activities oldest of the humanity and with its development technician and international spreading in uncurling of the times; it allowed the formation of a great world-wide market with economic potential. In parallel to the growth of the sportive market, it had a transformation in the boarding of the professional physical activity, with the regulation of the profession of Physical Education. The sport the sail comes of meeting with this new boarding, therefore it is a reality for the professional of Physical Education, since it is an activity that needs education so that its practitioner can of safe form use its boat and equipment. The professional of Physical Education received, then, a great responsibility with the official inclusion of diverse physical and sportive activities in the function of the profession, of this making if it became necessary the qualification of the current and future professionals of Physical Education.
 
Resumen
     La vela es una de las actividades más viejas de la humanidad y con su técnico del desarrollo y separarse internacional en desenroscar de los tiempos, permitió la formación de un gran mercado mundial con potencial económico. En paralelo al crecimiento del mercado del esportivo, tenía una transformación en subir de la actividad física profesional, con la regulación de la profesión de la educación física. El deporte la vela viene de resolver con este nuevo subir, por lo tanto es una realidad para el profesional de la educación física, puesto que es una actividad que necesita la educación de modo que su lata del médico de uso seguro de la forma su barco y equipo. El profesional de la educación física recibido, entonces, una gran responsabilidad con la inclusión oficial de las actividades diversas de la comprobación y de los esportivas en la función de la profesión, de esto que hace si llegó a ser necesario la calificación de los profesionales actuales y futuros de la educación física.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 11 - N° 102 - Noviembre de 2006

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Artigo apresentado no 11º EAFFERJ, Encontro de Educação Física em Cabo Frio.
Rio de Janeiro - Brasil, julho de 2006.

Introdução

Uma atividade milenar a disposição da Educação Física

Ricardo de Mattos Fernandes     O milenar transporte a vela é desde os primórdios da história da humanidade um meio de lazer e de negócio, e este fato movimentou milhares de pessoas de diversas gerações ao longo dos tempos em função da atividade de navegação, com isso pode-se supor que boa parte dos seres humanos da atualidade teve em algum ponto de sua linha hereditária, um navegador. O esporte a vela detém qualidades próprias e outras comuns a outros esportes e a vida em geral, sendo importante a sua influência na formação psicomotora dos seus praticantes. Atualmente a Educação Física rege todas as atividades físicas que exige a ação de um profissional e o esporte a vela necessita quase que obrigatoriamente, do ensino para a sua prática segura. Esta atividade apesar de não ser muito difundida e praticada atualmente, teve em épocas passadas um grande contingente de praticantes. Com a recente divulgação nacional deste esporte através de eventos e atletas de sucesso internacional, foi iniciada uma renovação dos praticantes e uma crescente procura por esta atividade física, com isso é necessário que os profissionais de Educação Física percebam esta lacuna de mercado, pouco explorada, e se preparem tecnicamente para atuar neste mercado em ascensão. Objetiva-se então demonstrar os aspectos do esporte a vela e sua importância para seus praticantes e para os profissionais de ensino.


Vela mundial e nacional, um breve histórico

    Pouco se sabe sobre a pré-história do barco a vela, porém vários indícios levam a supor que esta modalidade de transporte foi utilizada pelo homem primitivo com a fabricação de um barco a partir de um tronco e sua vela que podia ser confeccionada com juncos, bambus, pele de animais e vários outros materiais tirados da natureza abundante da época, com o objetivo de transportar o homem de forma relativamente segura e seca sobre os mares, rios, lagos e lagoas. Acredita-se que esta história remonta em muito a história escrita sobre estas embarcações. Apesar de não se ter dados precisos sobre o início da história da vela, o estudo de tipos de construções navais de embarcações a vela e sua evolução permite dizer, de acordo com o autor Baader (1960), que o uso do barco impulsionado pelo vento pode ser encontrado na história milenar chinesa ou em épocas remotas, como em 4.000 anos a.C. onde um artista egípcio reproduziu claramente um barco de proa1 elevada, detalhe que indica não se tratar de uma construção feita de um tronco e sim de algum tipo de construção naval, como também indicava a colocação de um mastro2 e uma vela quadrada, e em 1929 onde foi encontrado um modelo de barro que representava um barco com evidentes mostras de ter sido equipado com um mastro e uma vela tendo seu estudo permitido prever que a aparição da primeira vela datava de alguns milhares de anos antes. Não foi só no continente europeu ou asiático que se encontraram marcas da utilização de embarcações a vela, no Brasil, continente sul-americano, temos um tipo de barco que devido a sua construção arcaica e rudimentar julga-se ser um meio de transporte muito antigo dos pescadores do nordeste brasileiro, pois são semelhantes às construções pré-históricas. Sabe-se então que embarcações impulsionadas pela ação do vento são extremamente utilizadas por diversos povos ao longo da história da humanidade, porém devemos verificar também os motivos que levaram o homem a se aventurar por espelhos de águas pouco ou totalmente desconhecidos e para isso se recorrerá à própria evolução dos barcos e suas velas para entender estas razões.

    Dados mostram, através dos formatos dos barcos, suas velas e seus tamanhos que existiam provavelmente uma grande quantidade de motivos para o uso de embarcações a vela, como comércio, exploração, sepultamento e sobrevivência, porém existem informações que demonstram que o homem também utilizava o barco como lazer. Com a necessidade de dominar as ações do vento e do mar, grandes civilizações de navegadores da antiguidade, como chineses, vikings, fenícios, egípcios e polinésios, além das civilizações da era moderna, desenvolveram grandes evoluções na construção de barcos e suas velas permitindo ampliar a utilização destas embarcações. Com a construção dos barcos movidos a vapor e as condições mais favoráveis de navegação, ocorreu uma redução drástica do uso do barco a vela comercialmente e com o tempo o barco a vela passou a ser usado para lazer e competição. A grande utilização do barco a vela para lazer recebeu força quando este deixou de ser usado comercialmente, porém, existem informações que os faraós e reis vikings já velejavam por prazer e que como conta a própria história, o rei Roberto da Escócia, também encontrava grande prazer ao navegar seu próprio barco no ano de 1326.

    O sentido moderno, popular e esportivo de velejar nasceu na Holanda do século XVI quando os holandeses usavam pequenos barcos para perseguir contrabandistas e piratas. Estas pequenas embarcações se denominavam "Jaght", que significa caçador ou perseguidor, e foram sendo utilizadas, com o tempo, para oferecer passeios. Este barco foi presenteado ao rei Carlos II da Inglaterra, como comemoração do seu retorno ao trono em 1660. O rei Carlos II ficou tão entusiasmado com a navegação que mandou construir um barco desenhado por ele mesmo. Com o tempo e a realização de alguns eventos, o esporte a vela foi difundido pela Europa e a palavra "Jaght" acabou por originar a palavra "Yacht", que foi a forma convertida na Inglaterra da palavra original holandesa. Mais tarde com a crescente utilização do barco a vela para o lazer, surgiram os Yacht Club's, sendo registrado o primeiro clube para yacht's em 1720 na Irlanda, na América no ano de 1851 foi fundado o New York Yacht Club que deu origem a mais famosa competição mundial da época e da atualidade, a Copa América (BAADER, 1960). A partir deste momento o esporte a vela não parou de crescer em toda a Europa e na América do Norte, além de outros continentes. No Brasil a história do esporte a vela se confunde com a história dos clubes de vela criados no país. Em 1906 foi criado em Botafogo, Rio de Janeiro o primeiro clube de vela brasileiro, chamado Yacht Club Brasileiro. Em 1914, outro tradicional clube foi fundado na cidade de Niterói com o nome Rio Sailing Club. Nesta época não existia estaleiros e carpinteiros familiarizados com a construção de barcos de esporte no Brasil e com isso os barcos e equipamentos eram inteiramente importados, com a eclosão da I Guerra Mundial ficou inviável a importação de barcos, devido este fato os velejadores se reuniram para desenvolver uma fórmula de construção de um barco que não fosse nem grande, nem pequeno demais e que tivesse necessidade de pouco conhecimento e investimento, sendo originado então o barco Hagen-Sharpie, o primeiro barco monotipo desenhado no Brasil no ano de 1915 (SHMIDT, 2005). No Rio de Janeiro outro clube de vela foi fundado em 1943, o Iate Clube Rio de Janeiro que ocupa até hoje grande destaque na vela nacional e é celeiro de grandes velejadores e incentivadores do esporte. Com o passar dos anos e com o crescimento do esporte outros clubes foram se formando e hoje existem clubes espalhados por diversas regiões do país.


Vela uma realidade mercadológica da Educação Física

    Com o constante aumento do mercado náutico brasileiro, diversas estruturas foram criadas, como marinas, estaleiros e revistas especializadas, este fato permitiu ao esporte se tornar mais acessível, principalmente para a classe média brasileira, pois cada vez mais surgem opções nacionais sem custo de importação. O aparecimento no país dos barcos com especificação principalmente de lazer e não de competição, permitiu o uso de matéria prima de menor custo tecnológico e material, dando uma oportunidade a mais para adequar o barco ao rendimento financeiro de seu proprietário. É inegável que o esporte a vela, hoje, não tem condições de se tornar popular, pois existem vários fatores que oneram e dificultam a sua popularização, porém ficou mais fácil de adquirir e manter um barco, o que permite a migração de muitos brasileiros para este esporte. Este crescimento do mercado esportivo é uma realidade discutida e registrada por diversos autores mundiais, com base no texto dos autores Kasznar e Graça Filho (2002), pode-se ler que cada vez mais são inventadas novas modalidades e com isso adquiriram-se novos adeptos, além dos tradicionais esportes como atletismo, natação, arco e flecha, navegação e vela, lê-se ainda que baseado nos dados do IBGE, o Brasil ocupa o quinto maior mercado mundial de esportes, considerando o critério da população economicamente ativa, na análise feita por um longo tempo de 1984 a 2002. O aumento da popularidade do esporte a vela pode ser notado pela maciça audiência da regata de porto da Volvo Ocean Race3, evento ocorrido este ano na Baia da Guanabara, que foi acompanhada por milhares de pessoas ao vivo e através dos meios de comunicação. Além deste exemplo, pode-se citar o evento Match Race Brasil que também é acompanhado por milhares de espectadores nos vários estados em que este evento ocorre, e a classe Optimist4, onde só no Rio de Janeiro tem mais de cem velejadores de oito a quinze anos, participando de competições e regatas, se contar os pequenos velejadores de lazer. Outro fato que se deve ser analisado é que o esporte a vela é extremante difundido no exterior, chegando a ter uma procura nas escolas de vela da Europa de dez mil alunos por ano (informação verbal)5 e como o Brasil é um país com características turísticas, o serviço nesta área tende a crescer concomitantemente ao aumento do fluxo turístico internacional e ao crescimento da quantidade de imigração, principalmente européia e americana. Outro fator que favorece para o aumento de praticantes deste esporte é a constante busca de uma reaproximação com a natureza, que ficou distante do homem urbano atual. Essa procura de reencontro com a natureza somada a atividade física vem crescendo mundialmente chegando a gerar uma preocupação com o uso adequado do meio natural.

Portanto, nessa época que vivemos a natureza e seus elementos estão sendo bastante requisitados, privilegiadamente durante o lazer, ora como cenários, ora como parceiros indissociáveis. Seja como for cabe aos envolvidos (professores de diferentes áreas - Ecologia, Geografia, Educação Física etc.; empresários e outros) procurarem efetivar intercâmbios de conhecimento sobre o meio em que vivem e, juntos, descobrirem as melhores (e menos de gradativas) formas de manutenção dos seres humanos junto à natureza (da qual todos somos parte) consumindo a possibilidade de permanência de uma tríade perfeita: lazer, natureza e aventura (MARINHO, 2001, p. 152).

    O esporte a vela é considerado no meio náutico, como uma prática ecologicamente correta, pois na sua maioria, as embarcações não poluem e ainda, devido à utilização necessária do espelho da água livre de poluentes, este esporte leva o seu praticante a ser um protetor da natureza com uma grande consciência ecológica. A parceria entre velejador e a natureza é por si só um excelente motivo para o esporte a vela ser utilizado pelo professor de Educação Física na busca do aumento da consciência ambiental dos alunos, como objetiva os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN. O Iatismo dispõe de grande vantagem para o ensino da Educação Física, ao adequar o material utilizado à individualidade biológica e a faixa etária do praticante, o que permite o uso de crianças de sete anos até adultos da terceira idade, com um nível de risco mínimo. O esporte pode ser individual ou em equipe, fator que possibilita o desenvolver de um maior conhecimento de si próprio como do outro, tanto no aspecto físico como no psicológico, outra meta citada pelo PCN. Grael (2001, p. 47) delineou este aspecto ao dizer que: "o mar lapida o caráter do marinheiro. Maior expressão da natureza, ele testa e endurece o homem com suas fortes ondas, tormentas e calmarias. O mar é imprevisível, mas o marinheiro aprende a ter coragem para superar as dificuldades". Este fato torna o seu praticante mais hábil no trato com a vida e seus obstáculos. 

    Ao se analisar os objetivos dos PCN's (2000) encontra-se, entre eles, o desenvolvimento de um maior conhecimento de si e do outro; ter consciência ambiental, capacidades desenvolvidas pelo esporte a vela como mencionado anteriormente, além de outros objetivos, como evitar as descriminações, objetivar um relacionamento equilibrado e construtivo; adotar atitudes de respeito, dignidade e solidariedade, repudiando a violência; conhecer, dar valor, respeitar e aproveitar da pluralidade da cultura corporal, objetivos que fazem parte integrante das atividades do esporte a vela, pois este permite a formação de equipes mistas e a utilização das diversas individualidades biológicas em igual importância, além de faixas etárias diferentes, pois é bastante comum encontrar pessoas mais velhas com jovens dentro da mesma equipe. Nas diversas modalidades de competições e barcos diferentes se encontra velejadores de todo tipo de condição, deficiência e qualidade física, onde todos participam da competição por lazer, tendo como regra espontânea a convivência pacífica e prazerosa através de uma atividade física diversificada, alternando esforço físico com momentos de prazer, concentração, adrenalina e relaxamento. É fato que este esporte não é profissional e por isso não distribui, com raras exceções, prêmios em dinheiro e sim medalhas e troféus, devido este fato, a grande maioria dos atletas investem dinheiro de suas próprias rendas para poder competir, muitos campeonatos nacionais são realizados com o rateio feito pela cobrança de inscrição paga por estes competidores. Os momentos que antecedem e se seguem às competições permitem uma grande reunião social entre os participantes, familiares e amigos, não havendo em momento algum, discriminação de nenhum tipo. 

    O velejador Lars Grael é um exemplo atual das qualidades deste esporte, pois apesar do trágico acidente ocorrido, onde este atleta ficou seriamente mutilado, impossibilitando sua permanência na categoria em que foi duas vezes medalha olímpica, Lars que ainda participa de competições e continua vencendo, se tornou um exemplo claro das possibilidades encontradas no esporte. Como autor, Grael (2001) transcreve sobre o ensinamento adquirido que permitiu sua reação frente à situação do seu acidente, onde foi devido a toda a sua vivência e ensinamentos obtidos com o esporte, e é lógico com sua família e meio social, que auxiliou mais uma vez na superação das dificuldades, como a encontrada por ele no hospital no momento que ainda estava entre a vida e a morte, onde ele continuava pensando como atleta e com isso apesar de não haver escolhido esta competição era imperativo vencê-la. Os benefícios físicos e psicológicos do esporte a vela são visíveis e possibilitam ao seu praticante estar mais bem preparado para a vida.


Vela uma especialidade do profissional de Educação Física

    A Educação Física Escolar deve ser considerada como um fator de ajuda interdisciplinar, visto que através desta disciplina, podem-se trabalhar diversas situações e aspectos da vida dos alunos na escola ou em seus ambientes sociais. A Educação Física atualmente assume uma função muito ampla e importante na formação dos futuros cidadãos. A capacitação desta disciplina no auxílio da formação dos alunos cidadãos, também é reconhecida por um documento produzido pela Fédération Internationale d'Education Fhysique (FIEP). Este documento é o Manifesto FIEP (2000, cap. II, grifo nosso), onde se pode ler.

Considerando que no Manifesto da Educação Física (FIEP/1970), a Educação Física foi definida como 'o elemento de educação que utiliza, sistematicamente, as atividades físicas e a influência dos agentes naturais: ar, sol, água etc. como meios específicos, onde a atividade física é considerada um meio educativo privilegiado, porque abrange o ser na sua totalidade.

    Acredita-se então que a disciplina Educação Física tem muito a contribuir na construção dos futuros cidadãos. Para ilustrar ainda a importância da educação física e do esporte na vida de todo o ser humano, cita-se o artigo primeiro da Carta Internacional da Educação Física e Desportos, desenvolvida na vigésima reunião da Conferência Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Educação, a Ciência e a Cultura (1978, Art. 1º), onde podemos ler o seguinte texto, "a prática da educação física e do desporto é um direito fundamental para todos", encontra-se também no item 1.1 do artigo primeiro deste documento o texto.

Todo ser humano tem o direito de aceder à educação física e o desporto, que são indispensáveis para o pleno desenvolvimento de sua personalidade. O direito de desenvolver as faculdades físicas, intelectuais e morais através da educação física e do desporto, deverá garantir-se tanto dentro do padrão de sistema educativo como nos demais aspectos da vida social (ONU, 1978, Art. 1º, item 1.1).

    Destarte, o esporte educacional não pode ser pautado, apenas, na estrutura do estabelecimento educacional, principalmente quando este corpo físico não oferece condições de diversificar as aulas de educação física e sua ferramenta, o esporte educacional. Quando o CONFEF - Conselho Federal de Educação Física, diz que um dos seus objetivos é garantir o direito de a sociedade ser atendida por um profissional habilitado, é extremamente importante desenvolver a capacitação destes profissionais "habilitados". A falta de conhecimento específico de determinados esportes determina uma deficiência da profissionalização e pode causar falhas que acarretaram a possível atuação de profissionais não especializados, causa-se assim o uso incorreto da profissão. Este fato provocaria uma mácula na imagem do profissional de Educação Física e seus órgãos mantenedores. Com base nesta teoria, espera-se que as instituições de ensino superior devam apresentar currículos acadêmicos com a inserção de matérias que não só envolvam os esportes, tradicionalmente escolares, como também os vários esportes que perfazem o atual mercado do profissional de Educação Física.


Matéria vela uma experiência de sucesso

    A Universidade Veiga de Almeida no campus Cabo Frio incorporou em seu currículo de Educação Física a matéria Metodologia de Ensino dos Esportes Aquáticos, onde se apresentou aos discentes variados esportes aquáticos, entre eles, a Vela e a Prancha a Vela, e por ocasião da aplicação deste tema em 2004, o autor deste artigo foi convidado a administrar palestra e desenvolver a aula prática para os alunos do quarto período, sempre assistido pelo do professor da matéria. Devido os mais de trinta anos de experiência no esporte, oito anos de experiência na instrução desta atividade e quatro períodos, na época, de Educação Física o experimento deu certo e permitiu aos alunos ter contato com a prática e o conhecimento do esporte a vela. Estes alunos têm hoje um conhecimento maior sobre mais um esporte, porém para que eles estejam preparados realmente para desenvolver esta atividade é necessário um tempo maior e uma matéria exclusiva deste esporte, visto que para administrar todo o conhecimento necessário é eminente que se tenha um período maior de tempo, não podendo por tanto haver o envolvimento de outros esportes na mesma matéria. Esta atividade exige um conhecimento mais amplo do que o ensinado na maioria das entidades de ensino superior de Educação Física, pesquisadas. Esta teoria baseasse no fato da necessidade de haver um curso específico do ato de velejar, como também todos os outros fatores de conhecimento de um velejador, entre eles, o conhecimento de manutenção, das regras e regulamentos náuticos e conhecimento tático e técnico de velejar. Nas diversas áreas em que os profissionais podem atuar dentro do esporte a vela como, professor de vela, técnico e treinador, são necessários conhecimentos específicos destes diferentes níveis. Com isso crê-se ser necessário à implantação desta matéria no currículo acadêmico das entidades de ensino superior, principalmente onde se tenha acesso a este esporte, ou como complemento de conhecimento através de Pós-graduação, curso de mestrado e doutorado.


Notas

  1. Parte da frente da embarcação.

  2. Equipamento pelo qual se arma a vela.

  3. Regata volta ao mundo em que o Brasil esta participando pela primeira vez com um barco e equipe brasileira.

  4. Barco escola que é entrada para o esporte.

  5. Informação fornecida por Manuel Pedreira da Federação Catalã de Vela, no Curso de Formação de Instrutores de Vela da International Sailing Federation, em Porto Alegre, em novembro de 2003.


Referencia bibliográfica

  • BAADER, J. El Deporte de la Vela. Buenos Aires: Náutica Baader, 1960.

  • FÉDÉRATION INTERNACIONALE D'EDUCATION PHYSIQUE. Manifesto FIEP: Paris, 2000.

  • GRAEL, L. A Saga de Um Campeão. São Paulo: Gente, 2001.

  • KASZNAR, I. K.; GRAÇA FILHO, A. S. O Esporte como Indústria. Rio de Janeiro: Confederação Brasileira de Voleibol, 2002.

  • MARINHO, A. Revista Brasileira de Ciência e Esporte, v. 22, n. 2, p. 143-153, jan. 2001.

  • MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Parâmetros Curriculares Nacionais: Brasília, DP&A, 2000. v. 7.

  • ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Carta Internacional da Educação Física e Desportos: 20ª Reunião da Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura: Paris, 1978.

  • SCHMIDT, J. G. A Vela no Brasil. Velejar e Meio Ambiente, Rio de Janeiro, RJ, ano 3, n. 23, p. 86-88, dez. 2005.

Outro artigos em Portugués

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