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A hidroginástica na terceira idade

   
*Acadêmica do curso de Educação Física
da Universidade Federal de Pelotas.
**Especialista do Centro de Educação Física
e Desporto da Universidade Estadual de Londrina.
***Prof. Dr. e Diretor da Escola Superior de Educação
Física da Universidade Federal de Pelotas.
****Profa. Dra. e Vice-Diretora da Escola Superior de
Educação Física da Universidade Federal de Pelotas.
 
 
Silvia Teixeira de Pinho*  
Daniel Medeiros Alves**  
José Francisco Gomes Schild***  
Mariângela da Rosa Afonso****
silvia_esef@yahoo.com.br
(Brasil)
 

 

 

 

 
Resumo
     Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia, o grupo etário de 60 anos ou mais é o que apresenta maior crescimento populacional. Estima-se que, em 2025, haverá mais de 30 milhões de idosos no Brasil. Em função dessa longevidade, profissionais da saúde estão procurando, cada vez mais, formas de manter a qualidade de vida desta população. Este estudo tem por objetivo verificar o principal motivo que leva pessoas idosas a praticarem hidroginástica no projeto Atividade Física para a Terceira Idade da Escola Superior de Educação Física (ESEF) da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), e o efeito dessa prática no cotidiano para poder atender aos anseios mais significativos das mesmas, como forma de contribuir para uma melhor qualidade de vida. A amostra foi composta por sessenta indivíduos do sexo feminino, com média de idade igual a 67,08 anos (s ±5,68), participantes do projeto. As idosas foram entrevistadas individualmente no próprio local da hidroginástica, numa sala ao lado da piscina. Os dados coletados foram analisados através de estatística descritiva e os resultados demonstraram que 74% optaram pela hidroginástica por motivos relacionados à saúde e 93,3% acredita sentir-se melhor após seis meses de prática das atividades. Nenhum caso de insatisfação foi relatado. Foi possível constatar que a hidroginástica é benéfica para saúde tanto mental quanto física dos idosos que a praticam.
    Unitermos: Hidroginástica. Idosas. Qualidade de vida.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 11 - N° 102 - Noviembre de 2006

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Introdução

    É preciso investir na busca de uma melhor qualidade de vida através de exercícios físicos, uma alimentação equilibrada e bom relacionamento familiar como forma de atenuar os grandes causadores de mortalidade nesta faixa etária, como as doenças infecciosas, doenças do coração, câncer e diabetes, para se ter uma velhice saudável.

    A vida pode ser um desafio para os idosos, geralmente inativos, que sofrem de doenças crônicas. Hoje o exercício físico é considerado um tratamento de prevenção, principalmente para doenças do coração e diabetes, melhorando a expectativa de vida. "A prática de exercícios físicos de uma maneira geral, contribui para a manutenção das capacidades funcionais, como andar ou agachar, por exemplo, e ajuda a diminuir os riscos causados por uma vida sedentária, homens e mulheres de meia-idade que praticam exercícios regularmente correm menos risco de virem a sofrer de limitações físicas na velhice (SAMPAIO, 2005)". Conforme (BARBOSA, 2001; ROCHA, 1994; BONACHELA, 1994; PIRES et al., 2002; POWERS & HOWLEY, 2000), a prática de uma atividade física, bem como da hidroginástica, que torna o idoso mais apto e mais saudável, proporcionará uma melhora na qualidade de vida para esta faixa etária, devido aos vários benefícios que ela oferece.

    NOVAES (2001), afirma que as atividades mais recomendadas por médicos para essa faixa etária são exercícios na água: a hidroginástica e a natação. A hidroginástica é o exercício ideal para as pessoas que possuem problemas ósseos, como osteoporose e artrose.

    BONACHELA (1994), como motivos para a prática da hidroginástica aos idosos, o emagrecimento geral, fortalecimento e resistência muscular, condicionamento físico geral, melhora da flexibilidade, melhora do equilíbrio e da coordenação, diminuição do estresse e contribuição para a reabilitação física.

    Em termos gerais os exercícios melhoram o humor devido à liberação do hormônio endorfina que causa sensação de bem estar e relaxamento, ainda reduzem a ansiedade e o estresse, aumentam a funcionalidade do sistema imunológico acarretando benefícios cardiovasculares e facilitam o controle da obesidade. Além disso, qualquer forma de exercício físico proporciona benefícios psicológicos, de auto-estima e de melhoria do relacionamento social, ou seja, melhora os aspectos biopsicosociais muito importantes para pessoas da terceira idade, devido às inúmeras mudanças advindas dessa fase da vida. Em geral as pessoas que praticam atividades físicas tendem a ser menos deprimidas do que as que não praticam. Pesquisas comprovam que para formas mais moderadas de depressão, o exercício físico pode ser tão útil quanto à psicoterapia.

    Pesquisas comprovam a tese de que pacientes depressivos moderados tiveram sucesso no tratamento utilizando exercícios mais terapia. O contato com exercício físico na terceira idade começa geralmente por indicação médica. O fato é que as pessoas acabam encontrando nos exercícios muito mais que alívios para suas dores. Fazem novas amizades e têm momentos de descontração. Infelizmente, ainda há muita resistência para dedicar um tempo para refletir sobre suas vidas. É pouco desenvolvido no Brasil o hábito de realizar atividade física ainda quando se é jovem. O que ocorre é que as pessoas chegam na terceira idade com diversas patologias resultantes do sedentarismo, o que as leva a procurar exercícios físicos.

    Idosos sedentários possuem menor mobilidade e maior propensão a quedas quando comparados a idosos que praticam atividades físicas regularmente (SAMPAIO, 2005). Nessa faixa etária há uma diminuição da resposta emocional (erosão afetiva), acarretando um predomínio de sintomas como diminuição do sono, perda de prazer nas atividades habituais e perda de energia (BARBOSA, 2001).

    O crescimento da população de idosos, em números absolutos e relativos, é um fenômeno mundial. Em 1950 eram cerca de 204 milhões de idosos no mundo e, já em 1988, quase quatro décadas depois, este contingente alcançava 579 milhões de pessoas - um crescimento de quase 10 milhões de idosos por ano.

    Segundo o IBGE, as projeções indicam que, em 2050, a população idosa será de 1,9 bilhões de pessoas - montante equivalente à população infantil de zero a 14 anos de idade, ou um quinto da população mundial (BARBOSA, 2001). Neste estudo o Núcleo de Atendimento a Terceira Idade (NATI) incluiu, a partir de 1998, a hidroginástica como mais uma das opções para os participantes desse projeto de melhoria da qualidade de vida da UFPEL.

    No início do projeto toda a expectativa era de que as pessoas procurariam participar na busca de efeitos biológicos para saúde. Entretanto, aos poucos, através da observação de depoimentos esporádicos, começou-se a perceber que, para um número significativo de participantes esta busca se prendia a motivos mais ligados a fatores sociais, emocionais e ocupacionais do que biológicos propriamente ditos. A partir dessa percepção surgiu então a preocupação de talvez não se estar atendendo, na plenitude, as necessidades e os interesses dessas pessoas, pela falta de dados concretos que identifiquem os reais interesses dos sujeitos, alvos desse projeto. Por isso nosso estudo tem como objetivo identificar quais os motivos que levam pessoas idosas a praticarem hidroginástica no projeto Atividade Física para a Terceira Idade da ESEF/UFPEL, e o efeito dessa prática no cotidiano das mesmas.

    Como forma de atender aos anseios mais significativos das mesmas, e contribuir para uma melhor qualidade de vida.

    A amostra foi constituída aleatoriamente de sessenta idosas com faixa etária média de 67,08 anos, participantes do projeto Atividades Físicas para a Terceira Idade da ESEF/UFPEL.

    Foi utilizada uma entrevista semi-estruturada individualmente no próprio local da hidroginástica, numa sala ao lado da piscina.

    Após a aplicação da entrevista foi realizada à análise dos dados através de estatística descritiva para determinar o percentual de respostas obtidas.


Resultados e discussão

    Os resultados demonstraram que 93,3% sentem-se melhor após seis meses de prática da hidroginástica. Nenhum caso de insatisfação foi relatado. A melhora mencionada pode ser em função de que os exercícios aquáticos exercem um efeito equilibrador da pressão arterial e diminuem os efeitos da gravidade, diminuindo, por conseqüência, o estresse sobre as articulações. O idoso tem condições de melhorar rapidamente seu estado físico geral com segurança, pois se exercita lentamente, e sem correr riscos de lesões. Já 6,7% das entrevistadas dizem continuar igual ao período em que não praticava hidroginástica, fato este que pode ocorrer porque em sua maioria já praticavam algum outro tipo de exercício físico e as mudanças não foram tão significativas. O gráfico 1 mostra o enorme efeito que a hidroginástica têm no cotidiano das pessoas.

    Em relação aos motivos 74% dos entrevistados revelaram ter optado pela hidroginástica na busca de melhorias relacionadas à saúde, 10% por socialização (convívio com outras pessoas), 6,7% para preencher o tempo disponível, 3,3% por lazer/gostar, 1,7% para diminuir a depressão, 1,7% para ser ágil nas tarefas cotidianas e 1,7% diz praticar hidroginástica por problemas emocionais, como pode ser observado no gráfico 2.

    Assim fica esclarecido o problema de pesquisa em relação ao principal motivo para a prática de hidroginástica, mostrando que o projeto Atividades Físicas para a Terceira Idade tem trabalhado corretamente em função de acreditar que a maioria das idosas procura a atividade física por motivos relacionados á saúde. Porém vimos que a socialização representa 10% da amostra, e não podemos desconsiderá-lo como elemento de alto significado para esta população.


Conclusões

    Pode-se constatar que a hidroginástica é benéfica para saúde tanto mental quanto física dos idosos praticantes e que a grande maioria das pessoas a pratica por motivos de saúde através de indicação médica ou por estar sentindo os benefícios no seu cotidiano.

    Esta pesquisa comprova que o NATI da ESEF/UFPEL vem alcançando com êxito seu principal objetivo, através de um trabalho de extensão imerso nas questões ligadas a ética, cidadania, cumplicidade e responsabilidade, fazendo com que os momentos de prática sejam comprometidos com a produção do conhecimento.

    Neste sentido, a aproximação dos alunos com esta população, tem trazido, seja nos trabalhos de extensão como nos de pesquisa, uma dimensão maior na sua formação acadêmica.

    Aos profissionais de Educação Física cabe a conscientização da importância de desenvolver pesquisas que possibilitem a ampliação do leque de atividades em sua área de atuação, na busca do atendimento dos anseios e necessidades desta população que vêm aumentando significativamente.

    Sugerimos que novos estudos sejam realizados a fim de contribuir para uma melhor compreensão sobre os efeitos da hidroginástica em idosos.


Referências bibliográficas

  • BARBOSA, J.H.P Educação física em programas de saúde. In Curso de extensão universitária Educação Física na Saúde, 2001. Centro universitário Claretiano- CEUCLAR- Batatais, SP.

  • BONACHELA,V. Manual básico de hidroginástica. Rio de Janeiro: Sprint, 1994.

  • NOVAES, R. G. A Importância da Hidroginástica na Promoção da Qualidade de Vida em Idosos. www.cdof.com.br 04.06.2001.

  • PIRES, T.S. NOGUEIRA, J.L.; RODRIGUES, A.; AMORIM, M.G.; OLIVEIRA, A.F. A recreação na terceira idade. www.cdof.com.br 07.03.2002.

  • POWERS, S. K.; HOWLEY, E. T. Fisiologia do exercício: teoria e aplicação ao condicionamento e ao desempenho. 3ed. São Paulo: Manole, 2000.

  • SAMPAIO, C. A Relação da Atividade Física com os Idosos. www.saudeemmovimento.com.br 06.04.2005.

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