efdeportes.com
Sindrome metabolica: a importancia
da atividade física
Metabolic syndrome: the importance of physical activity

   
*UNOCHAPECÓ - Chapecó - SC
(Brasil)

**Universidade do Porto
(Portugal)
 
 
Riell Carlet  
Vanessa Raquel Benelli  
Dr. Carlos Henrique Mendonça*  
Michel Milistetd**
riellcarlet@yahoo.com.br
 

 

 

 

 
Resumo
     Quando em 1988 Gerald Reaven introduziu o conceito de síndrome metabólica, também conhecida como síndrome de resistência à insulina, quarteto letal, síndrome plurimetabólica ou síndrome X, esta tornou -se um tópico de intensa discussão científica, sendo considerado hoje como um dos grandes desafios da saúde contemporânea. Atualmente, diferentes associações de saúde no mundo, como "American College of Sports Medicine" (ACSM), "American Heart Association" (AHA), "Centers for Disease Control and Prevention" (CDC), "National Institutes of Health" (NIH), "US Surgeon General" e Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), tem indicada a atividade física visando a prevenção e a reabilitação de doenças cardiovasculares e outras doenças crônicas, uma vez que diversos estudos epidemiológicos têm demonstrado relação direta entre inatividade física e presença de múltiplos fatores de risco como os encontrados na síndrome metabólica. Diversas evidências tem demonstrado os efeitos benéficos da atividade física na prevenção e no tratamento da hipertensão arterial, na resistência à insulina, no diabetes, na dislipidemia e especialmente na obesidade. Desta forma, paralelo ao tratamento medicamentoso da Síndrome Metabólica, a atividade física promove diversas adaptações fisiológicas nos indivíduos submetidos a pratica regular da mesma, provocando melhoras significantes na qualidade de vida destas pessoas. Este artigo tem como objetivo mostrar à importância e os benefícios que a prática de atividade física planejada tem na prevenção, e no auxílio ao tratamento dos fatores de risco das variáveis encontradas na Síndrome Metabólica, e suas implicações na qualidade de vida das pessoas portadoras dessa patologia.
    Unitermos: Síndrome Metabólica. Atividade física. Qualidade de vida.
 
Abstract
     In 1988 when Gerald Reaven had introduced the concept of Metabolic Syndrome, also known as Insuline Resistance Syndrome, Four Lethal, Plurimetabolic Syndrome or X Syndrome, it has become an intense topic of scientific discussion, being considered nowadays as one of the big chalenges to the contemporary health. Currently several health associations in the world as the American College of Sports Medicine" (ACSM), "American Heart Association" (AHA), "Centers for Disease Control and Prevention" (CDC), "National Institutes of Health" (NIH), "US Surgeon General" e "Sociedade Brasileira de Cardiologia" (SBC) have indicated physical activity in order to prevent and to rehabilitate cardiovascular diseases and other chronic diseases, once epidemiologist studies have demosntrated direct relation between lack of physical activity and presence of multiple risk factors as the ones present in the metabolic syndrome. On the other hand diverse evidences have demonstrated the beneficial effect of physical activity in the prevention and treatment of arterial hypertension, insulin resistance, diabetes, dislipidemia, and, especially, obesity. This way, parallel to the drugs treatment of Metabolic Syndrome, physical activity promotes several physiological adaptations in the ones submitted to regular practice of those activities, provoking significant improvements in those people quality of life.
    Keywords: Metabolic Syndrome. Physical activity. Quality of life.
 

 
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 11 - N° 102 - Noviembre de 2006

1 / 1

Introdução

    Quando em 1988 Gerald Reaven1 introduziu o conceito de síndrome metabólica, também conhecida como síndrome de resistência à insulina, quarteto letal, síndrome plurimetabólica ou síndrome X, esta tornou-se um tópico de intensa discussão científica, sendo considerado hoje como um dos grandes desafios da medicina contemporânea, pois o tratamento da síndrome, que incluem problemas de adesão e o alcance terapêutico, misturam-se à dificuldade da manutenção dos resultados a médio e longo prazo.

    Atualmente, diferentes associações de saúde no mundo, como "American College of Sports Medicine" (ACSM), "American Heart Association" (AHA), "Centers for Disease Control and Prevention" (CDC), "National Institutes of Health" (NIH), "US Surgeon General" e Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), tem indicada a atividade física visando a prevenção e a reabilitação de doenças cardiovasculares e outras doenças crônicas.2,5 Algumas evidências têm demonstrado forte relação entre inatividade física e presença de vários fatores de risco, como os encontrados na síndrome metabólica.6,7

    Por outro lado, estudos têm demonstrado efeitos benéficos do exercício físico sobre a hipertensão arterial, a resistência à insulina, o diabetes, a dislipidemia e a obesidade. 8,11 Atentas a estas evidências, diversos órgãos de saúde, objetivando a massificação da prática regular de atividade física, têm diversificado sua abordagem tradicional na prescrição de exercício físico para a manutenção da saúde, recomendando o mínimo de 30 minutos de atividade de intensidade moderada, na maioria dos dias da semana (preferencialmente todos os dias), podendo ser realizada no trabalho, no lazer ou como exercício propriamente. 2,3,5,12,13

    Em decorrência destes manifestos, cada vez mais se tem aumentado a consciência profissional e pública dos benefícios à saúde resultante da prática regular de atividade física. No entanto, para que os benefícios e a segurança da prática regular de atividade física sejam maximizados, há a necessidade de se executar um planejamento adequado à realidade de cada indivíduo, através de uma periodização de treinamento visando o desenvolvimento não só da capacidade cardiovascular, mas também força e resistência muscular e flexibilidade articular. Para que essa prescrição de exercícios seja potencializada, alguns fatores essenciais como a capacidade inicial, os objetivos, o histórico clínico e o recordatório de patologias associadas devem ser analisados cuidadosamente. 14,15

    Este artigo tem como objetivo mostrar à importância e os benefícios que a prática de atividade física planejada tem na prevenção, e no auxílio ao tratamento dos fatores de risco das variáveis encontradas na Síndrome Metabólica, e suas implicações na qualidade de vida das pessoas portadoras dessa patologia.


Sindrome metabólica: definições e prevalência

    Antes de iniciarmos a discussão das variáveis encontradas na síndrome metabólica, faz-se necessária à apresentação das suas definições e prevalência da mesma.

    De acordo com a publicação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Associação Americana de Diabetes, em 199816, são considerados portadores de síndrome metabólica indivíduos com intolerância à glicose, tolerância normal à glicose com resistência à insulina ou diabetes e mais duas das seguintes alterações: uso de anti-hipertensivos e/ou pressão arterial elevada ( > 140/ 90 mmHg), obesidade (índice de massa corpórea > 30 kg/m2) abdominal (relação cintura-quadril > 0,90 no homem e > 0,80 na mulher), níveis elevados de triglicérides (> 150 mg/dl), HDL-colesterol baixo (< 35 mg/dl no homem e < 39 mg/dl na mulher) e microalbuminúria excreção urinária de albumina > 20 mg/min). A outra definição existente é a do "National Cholesterol Evaluation Program for Adult Treatment Panel III" (ATP III), publicada em 2001. 17 Essa definição leva em conta alguns critérios parecidos com os da OMS, como obesidade central (circunferência abdominal > 88 cm para as mulheres e > 102 cm para os homens), pressão arterial alta (> 130/85 mmHg), glicemia de jejum > 110 mg/dl, triglicérides > 150 mg/dl, HDL-colesterol baixo (< 40 mg/dl nos homens e < 50 mg/dl nas mulheres). Considera-se portador da síndrome, de acordo com o ATP III, o indivíduo deve apresentar três ou mais das alterações acima citadas. Uma terceira definição da síndrome metabólica foi elaborada pela "American Association of Clinical Endocrinologists" (AACE), onde a definição leva em conta alguns aspectos da definição do ATP III e outros da OMS.

    A prevalência da síndrome metabólica tem sido descrita em diferentes grupos étnicos e populações de diferentes países. 18,19 Constatamos que a definição e a prevalência da Síndrome Metabólica apresentam conotações muito próximas, porém, verificamos poucos estudos com grandes amostras populacionais em diferentes grupos étnicos que possam representar a realidade de cada povo em diferentes países. Um dos estudos de maior relevância em relação à prevalência da síndrome metabólica é o de Ford e colaboradores. 20

    Nesse estudo, Ford abordou a prevalência da síndrome na população americana a partir de dados colhidos entre 1988 e 1994para o "National Health and Nutrition Examination Surveillance" (NHANES III). O mesmo descreveu a prevalência da síndrome no sexo masculino e no sexo feminino, de acordo com diferentes faixas etárias. Dentre os resultados, os pesquisadores verificaram que não há diferença em relação à prevalência da síndrome metabólica de acordo com o sexo. A prevalência da síndrome ajustada para a idade é de 23,7%, porém para a faixa etária de 20 a 29 anos a prevalência é de 6,7% e esse valor aumenta de forma progressiva de acordo com o aumento da idade. Na faixa etária de 60 a 69 anos, a prevalência é de 43,5% e de 42% para a faixa etária acima de 69 anos.

    Os estudos recentes sugerem que a síndrome metabólica pode originar no útero. A obesidade, 21,22 que é a causa a mais comum da resistência de insulina nas crianças, 23 é associado também com a dislipidemia, 24 diabetes tipo 2, 25 e complicações vascular a longo prazo. 24,28 Em uma amostra dos adolescentes nos estados unidos que foram incluídos na terceira saúde nacional e examinação de nutrientes (NHANES III), conduzido entre 1988 e 1994, a prevalência da síndrome metabólica era 6.8% entre adolescentes a cima do peso e 28.7% entre adolescentes obesos. 29 Um estudo semelhante foi realizado por pesquisadores chineses, aonde Sung e colaboradores30 demonstraram alta prevalência de síndrome metabólica em pré-adolescentes daquele pais, com faixa etária de 9 a 12 anos). Entretanto, estas taxas podem não-estimar a extensão atual do problema, porque o valor e a prevalência da obesidade na infância aumentaram na década passada. 31,32

    A não existência de estudos específicos em relação à nacionalidade e em menor escala, a regionalidade, nos faz utilizar referenciais distantes de nossa realidade, sendo assim, pesquisas que envolvam diferentes populações em diferentes nações são necessários para que a prevalência da síndrome metabólica seja mais bem caracterizada.


Atividade física e obesidade

    Em indivíduos obesos, anormalidades da glicose e do metabolismo lipídico são comuns, aonde a hiperinsulinemia tem sido proposta como o elo entre tais alterações. O depósito de gordura aumenta o tamanho dos adipócitos e eleva o nível de ácidos graxos livres circulantes, que, por sua vez, estão associados ao aumento da resistência à insulina em homens e em menor grau também em mulheres. 33 Diferentemente do excesso de gordura subcutânea, o aumento da gordura intra-abdominal que ocorre em homens com obesidade central e em mulheres pósmenopausa predispõe esses indivíduos às complicações da resistência à insulina e à obesidade. 34 O excesso de gordura intra-abdominal é um fator de risco maior para a doença cardiovascular, como evidenciado pela presença de distribuição anormal de lipoproteínas (aumento de triglicérides e diminuição do HDLcolesterol), aumento dos níveis plasmáticos de glicose e insulina em jejum e diabetes do tipo 2. 35,37 Além disso, as anormalidades metabólicas pioram a medida que aumenta a relação entre a gordura visceral e a gordura subcutânea. 35,36 O real mecanismo da relação entre os ácidos graxos e a resistência à insulina ainda é motivo de debates, porém acredita-se que outros fatores, como a ativação simpática, tenham papel adicional na patogênese da hipertensão arterial nesse contexto. 38

    Foram demonstradas melhoras da sensibilidade à insulina e dos níveis de ácidos graxos livres conseqüentes a reduções da obesidade visceral após restrição calórica e perda de peso, indicando que a resistência à insulina pode estar relacionada com o conteúdo de gordura visceral. 39 Indivíduos que não respondem ao esquema dieta, exercício e até mesmo medicamentos podem ser candidatos à cirurgia de redução gástrica, caso apresentem obesidade grave (IMC > 40 kg/m2) ou IMC > 35 kg/m2 associado à co-morbidades. 40

    Diversos estudos têm demonstrado intensa relação entre obesidade e inatividade física, 7,41,42 assim como tem sido relatada associação inversa entre atividade física, índice de massa corpórea (IMC), razão cintura-quadril (RCQ). 6,7,41 Esses estudos demonstram que os benefícios da atividade física sobre a obesidade podem ser alcançados com intensidade baixa, moderada ou alta, indicando que a manutenção de um estilo de vida ativo, independentemente de qual atividade é praticada, pode evitar o desenvolvimento da obesidade. A grande parte das evidencias cientificas apontam para a importância dos exercícios aeróbios na redução do peso geral. Em adendo, a inclusão do exercício resistido (treinamento de força), parece ser um importante aliado, pois através de seus estímulos para aumentar a massa muscular, além da força e potencia musculares, essa atividade auxilia na manutenção da massa magra, preservando a musculatura, e maximizando a redução da gordura corpórea. 43,45

    Como forma de tratar a obesidade é necessário que o gasto energético seja maior que o consumo energético diário, o que nos faz pensar que a reeducação da ingestão alimentar seja suficiente. Entretanto, apenas a redução alimentar não é suficiente no controle da mesma, e a mudança no estilo de vida, aonde o aumento da prática de atividade física, é o melhor tratamento. 11 Indivíduos que não respondem ao esquema dieta, exercício e até mesmo medicamentos podem ser candidatos à cirurgia de redução gástrica, caso apresentem obesidade grave (IMC > 40 kg/m2) ou IMC > 35 kg/m2 associado à co-morbidades. 40


Atividade física e resistencia a insulina

    Durante muito tempo a síndrome metabólica foi chamada de síndrome de resistência à insulina, pois os pesquisadores pensavam que a resistência à insulina fosse o denominador comum para as alterações encontradas na síndrome. No entanto, a mesma não parece ser a principal responsável nas alterações hemodinâmicas e metabólicas associadas, sendo considerada um fator de risco cardiovascular isolado. 46,47

    A relação entre o sedentarismo e resistência à insulina foi sugerida pela primeira vez em 1945. 48 Até então, estudos de intervenção e transversais têm demonstrado relação direta entre atividade física e sensibilidade à insulina. 6,7,49,50

    O principal efeito da insulina no organismo é o aumento da captação de glicose, principalmente na musculatura esquelética, além de provocar vasodilatação, recrutamento de capilares, e aumento do fluxo sanguíneo e da oferta de glicose e insulina para a musculatura esquelética. 51,54 Sendo assim, atletas têm menores níveis de insulina e maior sensibilidade à mesma quando comparados a seus congêneres sedentários. 55,57

    Atletas másteres (profissionais) são protegidos contra a deterioração da tolerância à glicose associada ao envelhecimento. 58,59 Entretanto, pouco tempo de atividade física está associado à baixa sensibilidade à insulina e alguns dias de repouso estão associados a aumento da resistência à insulina. 6,7 Alguns estudos demonstraram que o exercício físico crônico melhora a sensibilidade à insulina em indivíduos saudáveis, obesos não-diabéticos e diabéticos do tipo 1 e do tipo 2. 60,63 O efeito do exercício físico sobre a sensibilidade à insulina tem sido demonstrado entre 12 e 48 horas após a sessão de exercício, porém volta aos níveis pré-atividade cerca de três a cinco dias após a última sessão de exercício físico, 60 o que reforça a necessidade de praticar atividade física com freqüência e regularidade. Um estudo demonstrou que o exercício físico apresenta tanto efeito agudo como efeito crônico sobre a sensibilidade à insulina, onde os indivíduos submetidos ao treinamento melhoram a sensibilidade à insulina em 22% após a primeira sessão de exercício e em 42% após seis semanas de treinamento. 60

    Neste sentido, torna-se evidente que a atividade física é fundamental no controle da sensibilidade a insulina, sendo que diversas evidências têm mostrado que tanto o exercício aeróbico como o exercício resistido15,60,64 são importantes. O mecanismo pelo qual essas modalidades de exercício melhoram a sensibilidade à insulina parece ser diferente15 levando a crer que a mescla das duas modalidades de exercício pode ser positiva.


Atividade física e diabetes tipo II

    Atualmente, há um consenso que o diabetes é uma doença complexa com influencias dos fatores socioeconômicos e cultural, 65 onde inúmeras evidências apontam a pratica de atividade física como uma eficiente forma de controlar e prevenir o diabetes. 9,60,63,66,70 Indivíduos que praticam pelo menos quatro horas de atividade física moderada a intensa, semanalmente, diminuem em média 70% a incidência de diabetes do tipo 2 quando comparados com sujeitos sedentários, após quatro anos de seguimento. 71 Apesar da aparente importância que o exercício representa no controle do diabetes tipo 2, cuidados gerais na ingestão de nutrientes e controle alimentar também são essenciais. 11,69,70


Atividade física e hipertensão

    Os benefícios da atividade física sobre a pressão arterial fazem dela uma importante ferramenta na prevenção e no tratamento da hipertensão. 8 Sabemos que indivíduos que praticam atividade física regular apresentam menores níveis de pressão arterial tanto sistólica como diastólica, independentes de serem indivíduos hipertensos ou normotensos. 8 A prática regular de exercícios físicos resulta no melhor controle da pressão arterial em indivíduos hipertensos de todas as idades. Alto nível de atividade física diária está associado a menores níveis de pressão arterial em repouso. 72 A prática regular de exercício físico também previne o aumento da pressão arterial associada à idade, 73,74 mesmo naqueles indivíduos com risco aumentado de desenvolver hipertensão. 75

    Atualmente, encontramos na literatura diversas evidências apontando os benefícios do exercício aeróbio no controle e na prevenção da hipertensão arterial. Porém, nota-se que a modalidade de exercício resistido não apresenta a mesma conotação quando comparada com os exercícios aeróbios. Talvez pela carência de estudos, além dos diversos tabus, indivíduos hipertensos acabam sendo desestimulados a realizar exercício do tipo resistido, pelo receio de essa modalidade de exercício possa causar alguma complicação, associada à patologia. No entanto, em um importante estudo investigativo realizado por Pollock et al. 15 que teve como objetivo verificar o efeito de um longo período de treinamento com exercício resistido sobre a pressão sanguínea de repouso, os pesquisadores não encontraram efeitos deletérios provenientes destes exercícios, sugerindo desta forma, que indivíduos hipertensos não devem evitar sua prática, pois ela proporciona uma série de benefícios para a qualidade de vida, principalmente de indivíduos idosos, devido a relação direta com a autonomia dos mesmos.


Atividade física e dislipidemia

    A pratica regular de atividade física apresenta adaptações positivas sobre o perfil lipídico dos indivíduos, como maiores níveis de HDL-colesterol (colesterol bom) e menores níveis de triglicérides, VLDL e LDL-colesterol, comparativamente a indivíduos sedentários, 10,76 independente do gênero, biótipo e da dieta. 10,76 Em adendo, não se pode afastar a probabilidade de essa melhora ser dependente do grau de tolerância à glicose. 10,76 É provável que o exercício físico seja eficiente em melhorar o perfil lipídico e das lipoproteínas em indivíduos com síndrome metabólica, considerando o fato de que o exercício aumenta tanto o consumo de ácidos graxos pelo tecido muscular como a atividade da enzima lípase lipoprotéica no músculo em atividade. 77 Vale ressaltar, que a literatura carece de estudos relacionados ao efeito do exercício físico sobre perfil de lipídeos e lipoproteínas em indivíduos com síndrome metabólica.


Conclusões e aplicações

    Através dos dados apresentados neste estudo, concluímos que a pratica regular da atividade física apresenta resultados benéficos importantes nos indivíduos acometidos pela Síndrome Metabólica, independentemente do gênero, da idade e do nível de condicionamento físico. A realização de pelo menos 30 minutos de atividade física (podendo ser elas formal ou de lazer, realizadas de maneira contínua ou acumuladas em sessões pelo menos 10 minutos), de intensidade no mínimo moderada, cerca de três ou preferencialmente todos os dias da semana, e em que haja dispêndio total de 700 kilocalorias (kcal) a 1.000 kcal por semana tem sido proposta para a manutenção da saúde e para a prevenção de grande variedade de doenças crônicas. 2,3,12,13

    Em relação aos exercícios aeróbios, tem sido recomendado que eles sejam realizados três a seis vezes por semana, com intensidade de 40% a 85% FCR (40% a 85% do VO2máx, ou 55% a 90% da FCmáx ou nível 12 a 16 na escala de Borg) e duração de 20 a 60 minutos.

    A recomendação atual para a prática de exercício resistido é de uma série de 8 a 12 repetições 10 a 15 para indivíduos com mais de 50 a 60 anos de idade, intensidade de 50% a 70% da carga máxima - o maior peso levantado uma única vez usando boa técnica de movimento.


Referencias

  1. Reaven GM. Banting lecture 1988. Role of insulin resistance in human disease. Diabetes. 1988;37: 1595-607.

  2. Pate RR, Pratt M, Blair SN, et al. Physical activity and public health. A recommendation from the Centers for Disease Control and Prevention and the American College of Sports Medicine. JAMA. 1995;273:402-7.

  3. Fletcher GF, Balady GJ, Amsterdam EA, et al. Exercise standards for testing and training: a statement for healthcare professionals from the American Heart Association. Circulation. 2001;104:1694-740.

  4. Santos RD. III Brazilian Guidelines on Dyslipidemias and Guideline of Atherosclerosis Prevention from Atherosclerosis Department of Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arq Bras Cardiol. 2001;77 Suppl 3:1-48.

  5. Guimarães, G. V., Ciolac E. G. Síndrome Metabólica: Abordagem do Educador Físico. Rev Soc Cardiol Estado de São Paulo 2004;4:659-70.

  6. Rennie KL, McCarthy N, Yazdgerdi S, Marmot M,Brunner E. Association of the metabolic syndrome with both vigorous and moderate physical activity. Int J Epidemiol. 2003;32:600-6.

  7. Lakka TA, Laaksonen DE, Lakka HM, et al. Sedentary lifestyle, poor cardiorespiratory fitness, and the metabolic syndrome. Med Sci Sports Exerc. 2003;35:1279-86.

  8. Whelton SP, Chin A, Xin X, He J. Effect of aerobic exercise on blood pressure: a meta-analysis of randomized, controlled trials. Ann Intern Med. 2002;136: 493-503.

  9. Castaneda C, Layne JE, Munoz-Orians L, et al. A randomized controlled trial of resistance exercise training to improve glycemic control in older adults with type 2 diabetes. Diabetes Care. 2002;25:2335-41.

  10. Durstine JL, Haskell WL. Effects of exercise training on plasma lipids and lipoproteins. Exerc Sport Sci Rev. 1994;22:477-521.

  11. Jakicic JM, Clark K, Coleman E, et al. American College of Sports Medicine position stand. Appropriate intervention strategies for weight loss and prevention of weight regain for adults. Med Sci Sports Exerc. 2001;33:2145-56.

  12. Physical activity and cardiovascular health. NIH Consensus Development Panel on Physical Activity and Cardiovascular Health. JAMA. 1996;276:241-6.

  13. Department of Health and Human Services. Physical activity and health: A report of Surgeon General. Atlanta: U.S. Department of Health and Human Services, Centers for Disease Control and Preventtion, National Center for Chronic Disease Prevention and Health Promotion, 1996.

  14. American College of Sports Medicine. ACSM position stand on the recommended quantity and quality of exercise for developing and maintaining cardiorespiratory and muscular fitness, and flexibility in healthy adults. Med Sci Sports Exerc. 1998;30:975- 91.

  15. Pollock ML, Franklin BA, Balady GJ, et al. AHA Science Advisory. Resistance exercise in individuals with and without cardiovascular disease: benefits, rationale, safety, and prescription: An advisory from the Committee on Exercise, Rehabilitation, and Prevention, Council on Clinical Cardiology, American Heart Association. Position paper endorsed by the American College of Sports Medicine. Circulation. 2000;101:828-33.

  16. Alberti KG, Zimmet PZ. Definition, diagnosis and classification of diabetes mellitus and its complications. Part 1: diagnosis and classification of diabetes mellitus provisional report of a WHO consultation. Diabet Med. 1998;15:539-53.

  17. Executive Summary of the Third Report of The National Cholesterol Education Program (NCEP) Expert Panel on Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Cholesterol in Adults (Adult Treatment Panel III) . JAMA. 2001;285:2486-97.

  18. Wu DA, Bu X, Warden CH, et al. Quantitative trait locus mapping of human blood pressure to a genetic region at or near the lipoprotein lipase gene locus on chromosome 8p22. J Clin Invest. 1996;97:2111-8.

  19. Mohan V, Shanthirani S, Deepa R, Premalatha G, Sastry NG, Saroja R. Intra-urban differences in the prevalence of the metabolic syndrome in southern India - the Chennai Urban Population Study (CUPS No. 4). Diabet Med. 2001;18:280-7.

  20. Ford ES, Giles WH, Dietz WH. Prevalence of the metabolic syndrome among US adults: findings from the third National Health and Nutrition Examination Survey. JAMA 2002;287:356-9.

  21. Levitt NS, Lambert EV. The foetal origins of the metabolic syndrome - a South African perspective. Cardiovasc J S Afr 2002; 13:179-80.

  22. Ozanne SE, Hales CN. Early programming of glucose-insulin metabolism. Trends Endocrinol Metab 2002;13:368-73.

  23. Caprio S. Insulin resistance in childhood obesity. J Pediatr Endocrinol Metab 2002;15:Suppl 1:487-92.

  24. Goran MI, Gower BA. Abdominal obesity and cardiovascular risk in children. Coron Artery Dis 1998;9:483-7.

  25. Arslanian S. Type 2 diabetes in children: clinical aspects and risk factors. Horm Res 2002;57:Suppl 1:19-28.

  26. Must A, Jacques PF, Dallal GE, Bajema CJ, Dietz WH. Long-term morbidity and mortality of overweight adolescents: a follow- up of the Harvard Growth Study of 1922 to 1935. N Engl J Med 1992;327:1350-5.

  27. Berenson GS, Srinivasan SR, Bao W, Newman WP III, Tracy RE, Wattigney WA. Association between multiple cardiovascularrisk factors and atherosclerosis in children and young adults. N Engl J Med 1998; 338:1650-6.

  28. Steinberger J, Daniels SR. Obesity, insulin resistance, diabetes, and cardiovascular risk in children: an American Heart Association scientific statement from the Atherosclerosis, Hypertension, and Obesity in the Young Committee (Council on Cardiovascular Disease in the Young) and the Diabetes Committee (Council on Nutrition, Physical Activity, and Metabolism) . Circulation 2003; 107:1448-53.

  29. Cook S, Weitzman M, Auinger P, Nguyen M, Dietz WH. Prevalence of a metabolic syndrome phenotype in adolescents: findings from the Third National Health and Nutrition Examination Survey, 1988-1994. Arch Pediatr Adolesc Med 2003;157:821-7.

  30. Sung RY, Tong PC, Yu CW, et al. High prevalence of insulin resistance and metabolic syndrome in overweight/obese preadolescent Hong Kong Chinese children aged 9-12 years. Diabetes Care. 2003;26:250-1.

  31. Strauss RS, Pollack HA. Epidemic increase in childhood overweight, 1986-1998. JAMA 2001;286:2845-8.

  32. Weiss, R. et al. Obesity and the Metabolic Syndrome in Children and Adolescents. N Engl J Med 2004;350:2362-74.

  33. Bray GA, Champagne CM. Obesity and the metabolic syndrome: implications for dietetics practitioners. J Am Diet Assoc. 2004;104:86-9.

  34. Brunzell JD, Ayyobi AF. Dyslipidemia in the metabolic syndrome and type 2 diabetes mellitus. Am J Med. 2003;115 Suppl 8A:S24-8.

  35. Fujioka S, Matsuzawa Y, Tokunaga K, et al. Contribution of intra-abdominal fat accumulation to the impairment of glucose and lipid metabolism in human obesity. Metabolism. 1987;36:54-9.

  36. Katzmarzyk PT, Church TS. Metabolic syndrome, obesity, and mortality: impact of cardiorespiratory fitness. Diabetes Care. 2005;28(2):391-7.

  37. Shuman WP, Morris LL, Leonetti DL, et al. Abnormal body fat distribution detected by computed tomography in diabetic men. Invest Radiol. 1986;21:483-7.

  38. Haffner S, Taegtmeyer H. Epidemic obesity and the metabolic syndrome. Circulation. 2003;108:1541-5.

  39. Purnell JQ, Kahn SE, Albers JJ, et al. Effect of weight loss with reduction of intra-abdominal fat on lipid metabolism in older men. J Clin Endocrinol Metab. 2000;85:977-82.

  40. Wilson PW, Grundy SM. The metabolic syndrome: practical guide to origins and treatment: Part I. Circulation. 2003;108:1422-4.

  41. Gustat J, Srinivasan SR, Elkasabany A, Berenson GS. Relation of self-rated measures of physical activity to multiple risk factors of insulin resistance syndrome in young adults: the Bogalusa Heart Study. J Clin Epidemiol. 2002;55:997-1006.

  42. Wareham NJ, Hennings SJ, Byrne CD, Hales CN, Prentice AM, Day NE. A quantitative analysis of the relationship between habitual energy expenditure, fitness and the metabolic cardiovascular syndrome. Br J Nutr. 1998;80:235-41.

  43. Kraemer WJ, Volek JS, Clark KL, et al. Influence of exercise training on physiological and performance changes with weight loss in men. Med Sci Sports Exerc. 1999;31:1320-9.

  44. Ballor DL, Katch VL, Becque MD, Marks CR. Resistance weight training during caloric restriction enhances lean body weight maintenance. Am J Clin Nutr. 1988;47:19-25.

  45. Geliebter A, Maher MM, Gerace L, Gutin B, Heymsfield SB, Hashim SA. Effects of strength or aerobic training on body composition, resting metabolic rate, and peak oxygen consumption in obese dieting subjects. Am J Clin Nutr. 1997;66:557-63.

  46. Despres JP, Lamarche B, Mauriege P, et al. Hyperinsulinemia as an independent risk factor for ischemic heart disease. N Engl J Med 1996;334:952-7.

  47. Haffner SM. Epidemiology of insulin resistance and its relation to coronary artery disease. Am J Cardiol 1999;84:11J-14J.

  48. Blotner H. Effects of prolonged physical inactivity n tolerance sugar. Arch Int Med. 1945;75:39 4.

  49. Holloszy JO, Schultz J, Kusnierkiewicz J, Hagberg JM, Ehsani AA. Effects of exercise on glucose tolerance and insulin resistance. Brief review and some preliminary results. Acta Med Scand Suppl. 1986;711:55-65.

  50. Schneider SH MA. Effects of fitness and physical training on carbohydrate metabolism and associated cardiovascular risk factors in patients with diabetes. Diabetes Reviews. 1995;3:378-407.

  51. Laakso M, Edelman SV, Brechtel G, Baron AD. Decreased effect of insulin to stimulate skeletal muscle blood flow in obese man. A novel mechanism for insulin resistance. J Clin Invest 1990;85:1844-52.

  52. Laakso M, Edelman SV, Olefsky JM, Brechtel G, Wallace P, Baron AD. Kinetics of in vivo muscle insulin-mediated glucose uptake in human obesity. Diabetes 1990;39:965-74.

  53. Laakso M, Edelman SV, Brechtel G, Baron AD. Impaired insulin-mediated skeletal muscle blood flow in patients with NIDDM. Diabetes 1992;41:1076-83.

  54. Laakso M, Edelman SV, Brechtel G, Baron AD. Effects of epinephrine on insulin-mediated glucose uptake in whole body and leg muscle in humans: role of blood flow. Am J Physiol 1992;263:E199-E204.

  55. Richter EA, Turcotte L, Hespel P, Kiens B. Metabolic responses to exercise. Effects of endurance training and implications for diabetes. Diabetes Care. 1992;15:1767-76.

  56. Ebeling P, Bourey R, Koranyi L, et al. Mechanism of enhanced insulin sensitivity in athletes. Increased blood flow, muscle glucose transport protein (GLUT-4) concentration, and glycogen synthase activity. J Clin Invest. 1993;92:1623-31.

  57. Nuutila P, Knuuti MJ, Heinonen OJ, et al. Different alterations in the insulin stimulated glucose uptake in the athlete's heart and skeletal muscle. J Clin Invest. 1994;93:2267-74.

  58. Seals DR, Hagberg JM, Allen WK, et al. Glucose tolerance in young and older athletes and sedentary men. J Appl Physiol. 1984;56:1521-5.

  59. Rogers MA, King DS, Hagberg JM, Ehsani AA, Holloszy JO. Effect of 10 days Lof physical inactivity on glucose tolerance in master athletes. J Appl Physiol. 1990;68:1833-7.

  60. Perseghin G, Price TB, Petersen KF, et al. Increased glucose transport phosphorylation and muscle glycogen synthesis after exercise training in insulinresistant subjects. N Engl J Med. 1996;335:1357-62.

  61. Hurley BF, Hagberg JM. Optimizing health in older persons: aerobic or strength training? Exerc Sport Sci Rev. 1998;26:61-89.

  62. Ivy JL. Role of exercise training in the prevention and treatment of insulin resistance and non-insulindependent diabetes mellitus. Sports Med. 1997; 24:321-36.

  63. Ciolac EGG. Importância do exercício resistido para o idoso. Rev Soc Cardiol Estado de São Paulo. 2002;12 Suppl A:15-26.

  64. Katzmarzyk PT, Leon AS, et al. Targeting the Metabolic Syndrome with Exercise: Evidence from the HERITAGE Family Study. Med Sci Sports Exerc. 2003; 35(10):1703-09

  65. Zimmet P, Alberti KG, and Shaw J, 2001. Global and societal implications of the diabetes epidemic. Nature. 414:782-787

  66. Manson JE, Nathan DM, Krolewski AS, Stampfer MJ, Willett WC, Hennekens CH. A prospective study of exercise and incidence of diabetes among US male physicians. JAMA. 1992;268:63-7.

  67. Manson JE, Rimm EB, Stampfer MJ, et al. Physical activity and incidence of non-insulin-dependent diabetes mellitus in women. Lancet. 1991;338:774-8.

  68. Tuomilehto J, Lindstrom J, Eriksson JG, et al. Prevention of type 2 diabetes mellitus by changes in lifestyle among subjects with impaired glucose tolerance. N Engl J Med. 2001;344:1343-50.

  69. Steyn NP, Mann J, et al. Diet, nutrition and the prevention of type 2 diabetes. Public Health Nutr. 2004;7(1A):147-65.

  70. Eckel RH, Grundy SM, Zimmet PZ. The metabolic syndrome. Lancet. 2005; 16-22;365(9468):1415-28.

  71. Tuomilehto J, Lindstrom J, Eriksson JG, et al. Prevention of type 2 diabetes mellitus by changes in lifestyle among subjects with impaired glucose tolerance. N Engl J Med. 2001;344:1343-50.

  72. Wareham NJ, Wong MY, Hennings S, et al. Quantifying the association between habitual energy expenditure and blood pressure. Int J Epidemiol. 2000;29:655-60.

  73. Gordon NF, Scott CB, Wilkinson WJ, Duncan JJ, Blair SN. Exercise and mild essential hypertension. Recommendations for adults. Sports Med. 1990;10:390-404.

  74. Kasch FW BJ, Van Camp SP, et al. The effects of physical activity and inactivity on aerobic power in older men (a longitudinal study) . Physician and Sportsmedicine. 1990;18:73-83.

  75. Paffenbarger RS Jr, Jung DL, Leung RW, Hyde RT. Physical activity and hypertension: an epidemiological view. Ann Med. 1991;23:319-27.

  76. American Diabetes Asssociation. ADA Stand Position: Physical activity/exercise and diabetes mellitus. Diabetes Care. 2003;26:573-7.

  77. Blomhoff JP. Lipoproteins, lipases, and the metabolic cardiovascular syndrome. J Cardiovasc Pharmacol 1992;20 Suppl 8:S22-S25.

Outro artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Google
Web EFDeportes.com

revista digital · Año 11 · N° 102 | Buenos Aires, Noviembre 2006  
© 1997-2006 Derechos reservados