efdeportes.com

O perfil nutricional de escolares de 7 anos da 

Rede Municipal da Sede de Mucajaí, Roraima, Brasil

El perfil nutricional de escolares de 7 años de la Red Municipal de la Sede de Mucajaí, Roraima, Brasil

 

*Mestrando em Ciência do Movimento Humano

pela Universidade Autônoma de Assunção, Assunção, PY.

**Professor da Universidade Estadual de Roraima, Roraima, BR.

***Professor Orientador

Universidade Autônoma de Assunção, Assunção, PY

Carlos Antônio Feu Galiasso*

Julio Cesar Takehara**

Ricardo Figueiredo Pinto***

carlosfeu@yahoo.com.br

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Pesquisas na área de epidemiologia têm verificado uma transição na condição nutricional da população infantil. O presente estudo teve como objetivo identificar o estado nutricional de escolares com faixa etária de 07 anos da rede Municipal da Sede de Mucajaí-RR. Participaram do estudo 62 crianças (32 meninos e 30 meninas). A avaliação do estado nutricional foi realizada segundo os critérios de Warterlow (1976). Para tanto, utilizou-se da estatística descritiva, distribuição em percentis e freqüências. De acordo com as evidencias encontradas, sobressaem para a prevalência de desnutrição 48,39%, sendo superior ao excesso de peso 12,90% em mais de três vezes. Ao analisar quanto o gênero, observa-se no sexo feminino apenas 40% de eutróficos, 40% de desnutrição e 20% em excesso de peso, o sexo masculino com 37,50% de eutróficos, 56,26% de desnutridos e 6,25% em excesso de peso. A partir do exposto conclui-se que os escolares da rede municipal da Sede de Mucajaí-RR, não estão acompanhando o processo de transição nutricional como em todo país no que tange o binômio desnutrição-obesidade, tendo em vista a alta incidência de desnutrição ainda presente. Faz-se necessário a implementação de ações estratégicas de saúde pública, voltadas à vigilância alimentar e nutricional que inclua avaliação e orientação alimentar nas escolas com um acompanhamento longitudinal, assim como programas de exercício físico, para minimizar problemas futuros na saúde publica.

          Unitermos: Estado nutricional. Escolares. Rede pública.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 157 - Junio de 2011. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Introdução

    O cenário da evolução nutricional da população brasileira expõe, nas duas últimas décadas, mudanças em seu padrão, e as disposições temporais da desnutrição e da obesidade determinam uma das alegorias definidos como processo de transição nutricional do país. Ao mesmo tempo em que declina o acontecimento da desnutrição em crianças, adolescentes e adultos em ritmo bem rápido, observa-se um acréscimo na prevalência de sobrepeso e obesidade em todas as faixas etárias (BATISTA FILHO, ROMANI, 2002).

    Entretanto, diferentes pesquisas têm sido feitas no Brasil, com o desígnio de averiguar o estado nutricional de crianças e adolescentes em fase escolar e identificar desvios de normalidade. Por intermédio destas pesquisas, verificou-se que nas regiões Sudeste, Nordeste, Norte e Centro-Oeste os escolares proporcionam maiores índices de desnutrição do que os escolares localizados na Região Sul. Casos de obesidade e/ou sobrepeso são mais comprovados na Região Sul do país (LIRA, 1990).

    O estado nutricional é decorrência de diversos fatores, de forma que é importante a influência desempenhada pelo meio ambiente. De acordo com Monteiro et al. (1995), estão acontecendo modificações nos padrões alimentares dos indivíduos em decorrência de alterações em sua dieta decorrente de mudanças sócias, econômicas e influencia da mídia.

    A obesidade é um problema que emergiu na atualidade nacional, estando presente nas diferentes faixas econômicas, principalmente nas faixas de classe elevada (MONTEIRO, 1999). Contudo sua incidência passa a ser considerada um grave problema de saúde, inclusive na infância. A prevalência de obesidade infantil tem crescido em torno de 10 a 40% na maioria dos países europeus nos últimos 10 anos (WHO, 2000).

    Estudar o estado nutricional faz-se imprescindível nos países em desenvolvimento, por causa da alta prevalência de distúrbios como a desnutrição e, mais atualmente, a obesidade. Deste modo, a avaliação do estado nutricional é etapa essencial no estudo de uma criança, para averiguar se o desenvolvimento infantil está se afastando do padrão esperado por causa de alguma doença e/ou condições sociais adversos.

Procedimentos metodológicos

    O universo da pesquisa foi o município de Mucajaí, RR, e a população–alvo delimitada por crianças na faixa etária de 7 anos de idade de ambos os sexos, matriculadas na rede municipal de ensino fundamental da Sede de Mucajaí, RR.

    A sede do município conta com 3 escolas de ensino fundamental, sendo que somente uma escola possui o segmento de fundamental I do 2º ano com um total de 68 alunos na faixa etária de 7 anos. A adesão dos responsáveis, após o não comparecimento da maioria dos responsáveis pelas crianças na reunião agendada, foi apresentado o projeto de pesquisa aos educadores, onde cada professor encaminhou pelo aluno o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, apresentando como resultado alguns pais que realmente não autorizaram, outros que não devolveram o TCLE, escolares que se ausentaram no dia da coleta. Desta forma, a amostra foi composta por 62 crianças (32 meninos e 30 meninas) na faixa etária de 07 anos pertencentes à rede municipal de ensino fundamental da Sede de Mucajaí-RR, havendo uma perda amostral de 8,82% (n=6).

    Os dados coletados para avaliar o estado nutricional foram idade, peso e estatura, utilizando uma balança digital eletrônica da marca Welmy modelo R/IW 200, com capacidade máxima de 150 kg e precisão de 100 g. e estadiômetro acoplado à balança, de precisão de 1 mm.

    Concernentes ao estado nutricional, os dados foram submetidos à análise quantitativa, apresentando a distribuição de freqüência e percentil, utilizando-se a estatística descritiva. O estado nutricional foi calculado usando os dados de estatura e peso adequados para a idade cronológica, segundo os critérios de Waterlow (1976), recomendados pela OMS (Organização Mundial da Saúde), tendo como padrão de referência o (NCHS, 1983). Os dados foram calculados pelo Programa de Avaliação e Estado Nutricional em Pediatria (PED 2000/USP) que classificou o estado nutricional dos escolares.

Resultados e discussão

    Comparando os valores obtidos da amostra avaliada em função da e idade de 7 anos em relação aos índices indicado pelo NCHS. Estado Nutricional de acordo com idade de 7 anos.

    Observa-se conforme a figura 1 a seguir, a maior incidência ao índice do NCHS a desnutrição pregressa e atual (25,81% e 20,97% respectivamente), e abaixo aos índices esperado encontramos a desnutrição crônica (1,61%), eutrofismo (38,71%) e sobrepeso e obeso (11,29% e 1,61%).

Figura 1. Estado nutricional da amostra

    Os resultados encontrados apontam que os índices sobressaem para a prevalência de desnutrição (D.C, D.P, D.A, 48,39%); eutrofismo (31,71%), e excesso de peso (SP., OB., G.O., 12,90%). Sendo o risco nutricional (desnutrição e excesso de peso) de 61,29%.

    Analisando separadamente a amostra em função do gênero em relação aos índices indicado pelo NCHS. Estado Nutricional de acordo com o gênero e idade de 7 anos.

    Pode-se observar conforme a tabela 1 a seguir, Incidência maior no sexo masculino de desnutrição crônica (3,13%) e índice próximo ao esperado, desnutrição pregressa (31,25%) com índices de quase cinco vezes acima que o indicado, desnutrição atual (21,88%) com valores acima do proposto. Prevalência no sexo feminino de eutróficos (40%) e obeso (3,33%) com índices abaixo dos propostos, sobrepeso (16,67%) com valor acima do indicado. Ambos os sexos não apresentaram casos de grande obeso.

Tabela 1. Estado nutricional da amostra em função do gênero e idade

    Em relação aos achados no presente estudo há um divisor de riscos nutricionais desnutrição e excesso de peso versus eutrofismo, pois estes podem indicar futuros problemas de saúde publicas.

    Estudos tem demonstrado resultados próximos ao do trabalho. De acordo com Soares e Krebs (2006) analisaram o perfil de crescimento e estado nutricional de escolares da rede estadual de ensino fundamental do município de Cruzeiro do Sul – AC, encontraram 52% de desnutridos, 36% de eutróficos e 12% de sobrepeso e obesos.

    Para Zomkowski (2007) analisando o perfil de crescimento e estado nutricional de escolares das Regiões Norte, Centro-Oeste e Sul do Brasil, encontrou para a região norte 63.7% para prevalência de desnutrição, eutrofismo 26,1% e 10,2% para excesso de peso.

    Segundo Teixeira et al. (2010) avaliando o Estado nutricional de 951 escolares entre 7 e 10 anos da rede pública da cidade de Araguaína-TO, obtiveram 36,85% de desnutridos, 52.80% de eutróficos, 6,30% de sobrepeso, 3,65% de obesos e 0,40% de grande obeso.

    Em Arapoti-PR, Salomons et al.(2007) analisando o estado nutricional de escolares de 6 a 10 anos de idade da rede municipal de ensino, encontrou uma porcentagem de 22,7% para desnutrição e 20,9% para excesso de peso.

    No município de Piedade – SP, Pegolo e Silva verificando o estado nutricional de escolares da rede pública de ensino, foram observados 10,7% de escolares com baixo peso, enquanto a obesidade alcançou 1,6%. Farias e Petroski (2008) ao estudar o Estado nutricional, crescimento físico e atividade física de escolares de sete a dez anos de idade da rede municipal de ensino de Porto Velho-RO obtiveram 86,0% para prevalência de eutróficos, 4,0% desnutridos, 7,0% sobrepesos e 3,0% obesos.

    Baruki et al. (2006), verificando a associação entre estado nutricional e atividade física em 403 escolares de 07 a 10 anos da rede municipal de ensino em Corumbá – MS, verificou que 9,2% estavam abaixo do peso, prevalência de 12,7% dos escolares acima do peso, com; 78,2% eutróficos.

    Os achados demonstram que os escolares do município de Mucajaí-RR, estão em caminho do processo de transição nutricional. Estudos tem demonstrado que a prevalência de desnutrição no Brasil está associada com a distribuição geográfica, sendo que, nas regiões Norte e Nordeste, a desnutrição é pelo menos duas vezes maior quando comparado à região Centro-Oeste e, quatro vezes maior que a região Sul (ROQUE, 2005; LEÃO, 2003).

    Atrelados a esse contexto, os indicadores socioeconômicos são apontados como um dos possíveis determinantes para o baixo índice de escolares com peso elevado em âmbito geral, por se tratar de escolares de instituição pública, portanto, com condições sócio-econômicas menos favoráveis, sendo que estudos indicam que a prevalência da obesidade é maior em crianças de nível socioeconômico mais elevado (COSTA, 2006; ROQUE, 2005; LEÃO, 2003).

    Estudos tem revelado que as ações básicas de saúde infantil não tem atingido igualmente todas as parcelas da população brasileira. Demonstrando que ocorre cobertura deficiente entre regiões.

Conclusão

    Estudos tem divulgado uma transição no cenário da evolução nutricional da população brasileira expondo um aumento da prevalência da obesidade infantil, Outrora, com elevada prevalência de desnutrição.

    A presente pesquisa demonstra que os resultados obtidos contrapõe-se as afirmações apontados em diversas pesquisas nacionais, sendo que o encontrado demonstra prevalência de desnutrição e baixos níveis de obesidade.

    A partir do exposto conclui-se que os escolares da rede municipal da Sede de Mucajaí-RR, não estão acompanhando o processo de transição nutricional como em todo país no que tange o binômio desnutrição-obesidade, tendo em vista a alta incidência de desnutrição ainda presente. Faz-se necessário a implementação de ações estratégicas de saúde pública, voltadas à vigilância alimentar e nutricional que inclua avaliação e orientação alimentar nas escolas com um acompanhamento longitudinal, assim como programas de exercício físico, para minimizar problemas futuros na saúde publica.

Referência bibliográfica

  • BARUKI, S. B. S. et al. Associação entre estado nutricional e atividade física em 403 escolares de 07 a 10 anos da rede municipal de ensino em Corumbá – MS. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. Vol. 12, nº 2, p: 90-94, Mar/Abr, 2006.

  • BATISTA FILHO, M; ROMANI, SAM. Alimentação, nutrição e saúde no Estado de Pernambuco: espacialização e fatores sócio-econômicos. Recife: Instituto Materno Infantil de Pernambuco; 2002. (Série: Publicações Científicas do Instituto Materno Infantil de Pernambuco, v. 7).

  • COSTA, R.F.; CINTRA, I.P.; FISBERG, M. Prevalência de sobrepeso e obesidade em escolares da cidade de Santos-SP. Arq Bras Endocrinol Metab 2006;50(1):60-7.

  • FARIAS, E. S. PETROSKI, E. L. Estado nutricional de escolares em Porto Velho, Rondônia. Revista de Nutrição. Campinas, 21(4):401-409, jul./ago, 2008.

  • LEÃO, L.S.C.S. et al. Prevalência de obesidade em escolares de Salvador-Bahia. Arquivos Bras. Endocrinol Metab., 2003; 47:151-57.

  • LIRA, R. J. T. Avaliação do estado nutricional de estudantes do 1º e 2º graus de escolas estaduais da região metropolitana de Recife. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Recife, v. 11, n. 3, p. 28, 1990.

  • MONTEIRO C. A: Evolução do Perfil Nutricional da População Brasileira. Saúde em Foco, ano VIII, Nº 18, julho, pg. 04-08, 1999.

  • MONTEIRO, C.A. et al. Da desnutrição para a obesidade: a transição nutricional no Brasil. In: MONTEIRO, C.A. (org.) Velhos e novos males da saúde no Brasil. São Paulo, Hucitic,1995. p.248-54.

  • NCHS - National Center for Health Statistic – Organização Mundial de Saúde - Medición del cambio del estado nutricional: directrices para evaluar el efecto nutricional de programas de alimentación suplementaria destinada a grupos vulnerables. Genebra, OMS, p. 103, 1983.

  • PEGALO, G. SILVA, M. V. Estado nutricional de escolares da rede pública de ensino de Piedade-SP. Segurança Alimentar e Nutricional, Campinas, 15(1): 76-85,

  • RONQUE, V.E.R.; CYRINO E.S.; DÓREA, V.R.; SERASSUELO, Júnior H; GALDI, E.H.G.; ARRUDA, M. Prevalência de sobrepeso e obesidade em escolares de alto nível socioeconômico em Londrina, Paraná, Brasil. Rev Nutr 2005;18(6):709-17.

  • SALOMONS, E. et al. Estado nutricional de escolares de seis a dez anos de idade da rede municipal de ensino de Arapoti, Paraná. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano.Ponta Grossa-PR, 9(3): 243-249, 2007.

  • SOARES, A. A. ; KREBS, R. Perfil de crescimento e estado nutricional de escolares da rede estadual de ensino fundamental do Acre. In: 4. Congresso científico latino-americano de educação física, PIRACICABA-SP. Anais do 4 CONGRESSO CIENTÍFICO LATINO-AMERICANO DE EDUCAÇÃO FÍSICA. Piracicaba: editora da UNIMEP, 2006.

  • TEIXEIRA, H. M. et al. Estado nutricional de escolares entre 7 e 10 anos da rede pública da cidade de Araguaína, TO. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Ano 14, nº 140, janeiro de 2010. http://www.efdeportes.com/efd140/estado-nutricional-de-escolares.htm

  • VASCONCELOS, F. A. G. Avaliação nutricional de coletividades. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1993.

  • WATERLOW, J.C. Classification and definition of protein caloric malnutrition, anex II. In: BEATON, G.H; BENGOA, J.M. Nutrition in preventive medicine, Ginebra, 1976.

  • WORLD HEALTH ORGANIZATION. Obesity: preventing and managing the global epidemic. Report of a WHO Consultation on Obesity. Genova: WHO, 2000. (Technical Report. Series 894).

  • ZOMKOWSKI, M. et al. Perfil de crescimento e estado nutricional de escolares das Regiões Norte, Centro-Oeste e Sul do Brasil. Artigos de Periódico – Universidade do Estado de Santa Catarina, Curso de Educação Física, Florianópolis, 2007.

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 16 · N° 157 | Buenos Aires, Junio de 2011  
© 1997-2011 Derechos reservados