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A linguagem imagética do esporte presente na Educação Física 

escolar: relato da realidade produzida pela indústria televisiva

El lenguaje de las imágenes del deporte presentes en la educación física 

escolar: informe de la realidad producida por la industria de la televisión

 

Professora de Educação Física. Formada em Licenciatura

em Educação Física pela Universidade Federal do Paraná

Pós Graduando nas Especializações Fisiologia do Exercício

e Organização do Trabalho Pedagógico

pela Universidade Federal do Paraná

Cynthia Adriane de Almeida

cynthia.almeida@gmail.com

(Brasil)

 

 

 

 

Resumo

          Este presente artigo teve por finalidade relatar sobre esta prática tão presente no âmbito escolar, mais precisamente nas aulas de Educação Física: o Esporte. Por meio da mídia, o Esporte é colocado como um fenômeno que privilegia o rendimento, ou seja, os indivíduos que praticam modalidades esportivas profissionalmente na qual os meios de comunicação de massa ressaltam-no por meio de programas televisivos. Isso faz com que seja influenciada a prática pedagógica na Educação Física Escolar, os projetos esportivos sociais e o conceito sobre o que o Esporte pode proporcionar para a sociedade. A partir disso relatei uma experiência em uma instituição onde eu observei este fenômeno, descrevendo o comportamento das crianças sobre esta espetacularização. Por fim, concluo como uma leitura diferenciada sobre os meios de comunicação pode oportunizar experiências únicas sem que a mídia não seja ponto negativo na prática e sim um auxilio para as futuras aulas.

          Unitermos: Esporte-Espetáculo. Televisão. Prática pedagógica.

 

Artigo escrito para finalização do curso: Educação e Comunicação do Instituto Ler e Pensar, Curitiba, Paraná, Brasil.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 157 - Junio de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    É impossível falar da Educação Física, de suas práticas corporais e sua inserção na escola sem comentar o fenômeno Esporte. Para muitos a Educação Física sem o Esporte não é Educação Física e isto gera inúmeras contradições e debates no nosso meio. Marchi Junior (2002) afirma que o esporte tem sido nas últimas décadas, incontestavelmente, uma das manifestações culturais da humanidade que mais tem se desenvolvido e, também, um dos fenômenos sociais mais presente em diversas áreas do conhecimento. Como uma Educadora Física e com experiências no âmbito escolar, por várias vezes, me certifiquei que o Esporte definitivamente se encontra em uma posição muito significativa na nossa área. Por que esta afirmação? Simplesmente porque no decorrer da história, ou seja, desde que o Esporte se uniu à Educação Física Escolar, surgiram várias discussões a respeito. Qual a importância do Esporte, seus prós e contras, por que esse fenômeno traz de tão atrativo para crianças e adolescentes e até mesmo para a os adultos? O Esporte realmente possui várias relações com a sociedade. Lisboa (2006) ressalta que um dos principais elementos da nossa cultura marcado pelo processo de espetacularização midiática, expresso principalmente pela televisão, e disponibilizado diariamente em nossos lares através das “telinhas”, é o esporte.

    A partir desta afirmação penso que a grande “culpada” de toda esta polêmica é a mídia: televisão, radio e jornais. Assim como afirma Betti (1997):

    Hoje somos todos consumidores potenciais do esporte-espetáculo, como telespectadores e torcedores nos estádios e quadras; a proliferação de academias de ginástica e “escolhinhas” de esportes atende as camadas médias e altas, centros esportivos e de lazer público oferecem, embora de maneira ainda insatisfatória, programas de práticas corporais à população de modo geral. (p. 12).

    Este artigo tem por objetivo mostrar como o fenômeno denominado Esporte, está inserido no âmbito escolar, mais precisamente nas aulas de Educação Física, com uma realidade produzida pela indústria midiática. Como ela influencia nesta ligação com os sujeitos escolares, ou seja, o que a mídia mostra este fenômeno para a escola.

    A partir do surgimento dos meios de comunicação de massa, principalmente da televisão, passamos a adquirir novos costumes e hábitos, consumindo a ponto de transformar a nossa cultura, tornando uma cultura cada vez mais “televisiva”, “midiática”, que nos fascina diariamente, nos levando a consumi-la cada vez mais, e por isso nos reocupamos com as consequências que ela pode causar à cultura corporal de movimento e aos objetivos da Educação Física Escolar.

    De uma forma ou de outra, esta cultura esportiva se encontra na escola, porém com uma pequena ajuda dos meios de comunicação. Outra maneira do Esporte se inserir no ambiente escolar por meio da mídia é através dos Projetos Esportivos onde a maioria deles é financiada pelo Governo do Estado ou pelo Governo Federal e sempre com a propaganda de algum ex-atleta da modalidade. Segundo Montagner (2000) as mudanças de regras promovidas devido a relação entre esporte e mercado são carregadas para as aulas com poucas discussões sobre os seus significados; a reformulação das estruturas de organização do esporte atingem também o esporte de formação, na busca de talentos para o espetáculo esportivo; as escolas formais, principalmente as públicas, têm dificuldades de se consolidarem como agentes formadores de cultura esportiva pelos diversos problemas inerentes ao ensino público, enquanto a massificação do esporte mais presentes nos meios de comunicação e/ou agentes propagadores do esporte espetáculo visam essencialmente a ampliação do consumo de alguma modalidade esportiva.

    Nesse sentido, Lisboa (2006) afirma que a massificação do Esporte, a produção de representações sociais sobre este conhecimento, produzidas principalmente pela televisão, acaba por provocar influências na cultura de movimento, principalmente sobre a compreensão/concepção das crianças, de tal forma que o esporte escolar acaba se tornando um apêndice do esporte de rendimento/mercadorizado propagado pelo “espetáculo esportivo” e/ou discurso televisivo.

Relatos sobre a realidade investigada

    Agora me atentarei a relatar neste artigo a atividade em uma das escolas na qual eu tive a oportunidade de fazer a minha Prática de Ensino. Em uma das observações nas aulas da professora de Educação Física da escola, eu pude verificar este fenômeno Esporte e como ele influenciou no comportamento e na atividade proposta pela professora naquele dia.

    A escola observada é uma instituição da prefeitura (Educação Infantil e Ensino Fundamental), localizada no município de São José dos Pinhais - PR.

    Isto foi o início das minhas observações na escola, mas o que me chamou atenção foi uma prática da professora de Educação Física que influenciou todos os sujeitos da escola.

    Neste dia a professora organizou os “Mini Jogos Olímpicos da Escola” na qual duraria a semana toda.

    Os “Mini Jogos Olímpicos” tinha por objetivo mostrar algumas modalidades esportivas adaptadas pela própria professora na qual alguns alunos foram escolhidos para praticar uma determinada modalidade proposta. Em cada modalidade esportiva ela listava um numero “x” de alunos.

    Todas as turmas de 2º ano foram para a quadra torcer pelos alunos, chamados de atletas de suas respectivas turmas. As turmas de 1º ano foram convidadas para assistir aos jogos com todas as professoras regentes, acompanhados pela pedagoga, supervisora, secretária e diretora da escola.

    Uma semana antes deste evento, a professora pediu para que cada aluno colocasse em um cartaz, o que ele pensa sobre “Esporte” e “Olimpíadas”. Muitos deles veem o Esporte como rendimento e sempre ressaltado o atleta como herói.

    Nuzman (1996) afirma que o mundo atual é fracionado por imagens, pois está cercado pelo vídeo e pela televisão. O imaginário não se reduz a imaginação; é verdade, o registro da identificação pessoal que atua como um espelho. As imagens são, portanto, modelos de identificação como se pode ver na publicidade e no esporte.

    No decorrer de toda a competição as frases mais ouvidas foram: “Eu quero ganhar!”, “Quero ser que nem o Ronaldinho e o Kaká!”, “Meu sonho é ser jogador de futebol profissional”.

    Isto me fez pensar no quanto o Esporte é influenciado pela mídia televisiva, está inserido no meio escolar. Rodrigues e Montagner (2005, p. 4) ressaltam que a escola através da Educação Física, preocupando-se com a lógica do “Esporte Espetáculo”: o consumo de bens e entretenimento, conduzidos por conceitos de marketing e administração do esporte, que veem nas crianças e adolescentes “potenciais consumidores” e a Educação Física Escolar que hoje na maioria das vezes funciona como uma reprodutora desses aspectos, sem desenvolver uma análise crítica sobre esse fenômeno.

    A partir deste estudo e relato, pude entender que o Esporte com influência da mídia não será um fator que dificultará a minha prática, muito pelo contrário, trará subsídios para as minhas novas práticas, tendo como principal fator o desenvolvimento e aprendizado do aluno. Por isso levo a afirmação:

    A Educação Física Escolar, no geral, vem sendo confundida e baseada em um recorte essencialmente voltado ao esporte, reproduzindo o discurso da mídia, transformando seus alunos cada vez mais em consumidores do esporte-espetáculo, subordinados a uma pedagogia tecnicista e seletiva. É necessário que a Escola leve em consideração o discurso da mídia, que como podemos observar estão presentes diretamente na vida dos alunos, porém isso deve ser feito de uma maneira crítica, estabelecendo um diálogo entre a escola e a mídia, constituindo um novo conceito de prática esportiva. Os agentes influenciadores do esporte-espetáculo não podem ser desconsiderados dentro de um projeto de esporte na escola. (RODRIGUES E MONTAGNER, 2005, p. 14).

Considerações finais

    O que posso tirar de experiência deste curso sobre os meios de comunicação de massa em geral?

    Entender que a mídia, tanto televisiva quanto jornalística, pode ser uma grande aliada nas nossas aulas e que cada aluno poderá trazer diferentes contribuições para esta (re)construção de uma determinada atividade. Laurindo e Santos (2007) afirmam que a “cultura das mídias” está presente e não podemos ignorá-las, pois como observamos, a população está cada vez mais consumindo e adquirindo valores transmitidos e impostos pelos meios de comunicação de massa, principalmente a televisão. Eles ainda ressaltam que o papel da mídia na educação é um tema de discussões amplas e profundas. O professor deve se instrumentalizar e se aperfeiçoar para saber lidar criticamente com os meios de comunicação no seu cotidiano de aulas, mas deve também ter em mente que não pode substituir o conhecimento pelo meio.

    Para uma prática pedagógica positiva e bem sucedida é necessário que o/a professor/a saiba lidar com essa relação Mídia/Esporte/Educação Física e sabendo tirar proveito para a sua proposta de ensino, tendo conhecimento de que nós mesmos somos um meio pelo qual o/a aluno/a absorve informações e aproveite esse conhecimento direcionando-o de acordo com os objetivos do ensino.

Referências

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