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Perfil antropométrico e de composição corporal de 

lutadores de combate. Importância do diagnóstico correto

Perfil antropométrico y de composición corporal de luchadores de deportes de combate. La importancia del diagnóstico correcto

 

*Estudante de Nutrição. Universidade Gama Filho, UGF, RJ

**Nutricionista e Docente. Universidade Gama Filho, UGF, RJ

***Nutricionista da CBLA - Confederação Brasileira de Lutas Associadas, RJ

(Brasil)

Rosangela Pires*

Josie de Souza Oliveira**

Taíssa Torres**

Erica Cristina da Silva Siqueira**

Mariana Belém***

josienut@hotmail.com

 

 

 

 

Resumo

          Objetivou-se caracterizar o perfil antropométrico e de composição corporal de atletas brasileiros de Lutas Olímpicas e demonstrar a importância de um diagnóstico correto do estado nutricional dos competidores. Foram analisados 21 atletas de diferentes categorias de peso integrantes da CBLA no Rio de janeiro, sendo 6 do estilo feminino e 15 do estilo Greco-Romano e Livre. Avaliou-se o perfil antropométrico e de composição corporal, observando as medidas de peso e estatura, IMC, percentual de gordura e massa magra.Os dados foram analisados com auxilio do software Sigma Stat. O nível de significância estatística considerado foi p<0,05. A normalidade das variáveis numéricas foi verificada pelo teste de Kolmogorov-Smirnov. Utilizou-se o teste t-student para as variáveis que seguiram a distribuição normal e o teste de Mann-Whitney para os que não seguiram a normalidade. Os resultados mostraram que os homens são mais altos que as mulheres com diferença significante e as análises feitas pelo IMC dos atletas mostra que 20% dos atletas masculino seriam classificados como obesos erroneamente. Verificou-se, também, que metade das atletas apresentou percentual de gordura normal para a população não ativa, o que poderia ser alto para atletas de luta. Conclui-se que avaliação corporal em atletas deve ser feita com cuidado, não utilizando apenas o IMC como método de avaliação. Considerando que a composição corporal influencia o desempenho dos atletas, devem ser designados pontos de cortes para que o percentual de gordura seja satisfatório para cada modalidade.

          Unitermos: Antropometria. Composição corporal. Lutas Olímpicas.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 156 - Mayo de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    Ainda hoje, pouco se sabe a respeito do perfil antropométrico adequado e dos percentuais de gordura (mínimo e desejável) para cada modalidade esportiva, em particular das lutas de combate como o Estilo-Livre, Greco-Romano e Feminino (MANCINI et al., 2008).

    Isso se deve, provavelmente, pelo fato de cada modalidade ter suas particularidades e exigir um perfil físico dos atletas, assim, as características antropométricas e fisiológicas dos atletas de elite, variam muito (GOBBO et al., 2002; PAIVA NETO & CÉSAR, 2005), não havendo ainda, referências quanto à composição corporal desse grupo em especial, já que tais indivíduos não podem ser classificados da mesma forma que a população em geral.

    Apesar de não haver ainda referências específicas quanto ao adequado perfil antropométrico que os atletas devam apresentar, sabe-se que o desempenho dos competidores está diretamente relacionado à sua composição corporal e que as características físicas e fisiológicas dos mesmos são influenciadas não só pela hereditariedade, mas também pelo ambiente, ou seja, alimentação e treinamento físico (GOBBO et al., 2002).

    Para que as mudanças corporais sejam acompanhadas durante o período de treinamento e a relação entre a composição corporal e o sucesso no desempenho esportivo sejam mensuradas, faz-se necessário utilizar técnicas e medidas que avaliem adequadamente o perfil antropométrico e a composição corporal dos atletas.

    A avaliação antropométrica é um método muito utilizado por ser de baixo custo, rápido e de fácil utilização em pesquisas de campo (PAIVA NETO & CÉSAR, 2005). No entanto, é preciso ter cautela ao utilizar, isoladamente, medidas e índices antropométricos, como por exemplo, o IMC em atletas, já que não apresenta boa acurácia em mensurar adequadamente a gordura corporal (OLIVEIRA et al., 2010). Portanto, a opção mais viável, pela praticidade e baixo custo, para avaliação da composição corporal, em detrimento à utilização dos métodos de referência, é a utilização de equações preditivas de gordura que utilizam como variáveis as dobras cutâneas.

    Diante desse contexto, julga-se importante que os competidores conheçam sua composição corporal a fim de acompanhar a modificação sofrida como resposta do treinamento e ter ciência das modificações ainda necessárias para melhorar o desempenho. Assim, o presente estudo objetivou caracterizar o perfil antropométrico e de composição corporal de atletas brasileiros de Lutas Olímpicas e demonstrar a importância de um diagnóstico correto do estado nutricional dos competidores.

Material e métodos

Indivíduos

    A população deste estudo foi constituída de 21 atletas de diferentes categorias de peso integrantes da CBLA (Confederação Brasileira de Lutas Associadas) localizada no Rio de Janeiro, sendo 6 do estilo Feminino e 15 dos estilos Greco-Romano e Livre. Devido ao pequeno número de lutadores do Estilo Greco-Romano e ao fato das lutas (Estilo Livre e Greco-Romano) possuírem características semelhantes, os atletas de ambas modalidades foram agrupados, sendo, então avaliados os atletas do sexo masculino e feminino (Estilo Feminino).

Antropometria

    Os participantes do estudo foram submetidos à avaliação antropométrica que incluiu as medidas de peso, altura e dobras cutâneas.

    O peso foi aferido utilizando-se uma balança tipo plataforma (FILIZOLA), com capacidade máxima de 150Kg e subdivisão de 100g, com os participantes vestindo malha de luta e descalços, com um pequeno afastamento lateral das pernas, posicionando-se no centro da plataforma da balança, com os braços estendidos e posição ereta, com o olhar fixo no horizonte para evitar oscilações na leitura do peso, conforme técnica proposta por Jellife (1966).

    A estatura foi medida com estadiômetro, fixado à balança, com escala de 0,1cm e extensão de 2,0 metros, estando os indivíduos em posição ereta, braços estendidos ao longo do corpo, pés unidos e descalços, segundo técnica preconizada por Jellife (1966).

    O IMC foi calculado a partir das medidas de peso e estatura, obedecendo a equação abaixo e avaliado segundo os pontos de corte propostos pela WHO (2000) para classificação do estado nutricional dos indivíduos saudáveis não atletas (Quadro 1).

Quadro 1. Estado nutricional dos atletas segundo o IMC (não específico para atletas)

Avaliação da composição corporal

    As medidas de dobras cutâneas, utilizadas para estimar a densidade corporal, foram realizadas com auxílio de um adipômetro da marca Sanny®, manuseado por um avaliador treinado e experiente. Para obtenção do percentual de gordura a partir da densidade corporal, utilizou-se a equação de Siri (1961).

    Quanto ao percentual de gordura corporal, os atletas foram, primeiramente, classificados segundo os pontos de corte propostos para a população saudável sugeridos por Lohman (1992) (Quadro 2). Sendo, posteriormente, observados os percentuais mínimos de gordura para manutenção da saúde dos atletas e comparados com os pontos de corte preconizados pelo American College of Sports Medicine (ACSM), a saber, 5% para o sexo masculino e de 12% a 14% para o sexo feminino (ACSM, 1996).

Quadro 2. Classificação dos indivíduos saudáveis quanto ao percentual de gordura corporal segundo o sexo (valores não específicos para atletas)

    A massa magra foi obtida através da diferença entre o peso corporal total e peso da gordura corporal.

Processamento e análises estatísticas dos dados

    As análises estatísticas foram realizadas por meio de testes para avaliar as possíveis diferenças. A construção do banco de dados foi feita no Excel e os testes foram realizados com o auxílio do software Sigma Stat versão 2.0. Para todos os testes estatísticos, foi considerado como nível de significância estatística a probabilidade inferior a 5% (p<0,05).

    Para analisar as variáveis numéricas aplicou-se, primeiramente, o teste de Kolmogorov-Smirnov, para verificar a normalidade das variáveis assim, foi utilizado teste paramétrico para as variáveis que apresentaram distribuição normal e não paramétrico para as que não seguiram distribuição normal. Para verificar a diferença entre dois grupos independentes com distribuição normal, aplicou-se o teste t de student e para comparação de dois grupos independentes que não seguiram a normalidade, empregou-se o teste de Mann-Whitney.

Resultados

    A população deste estudo foi composta por 21 atletas de ambos os sexos, com idade entre 18 e 34 anos, havendo predominância do sexo masculino (n=15, 71,43%) (Tabela 1). A idade dos atletas de ambos os sexos não apresentou diferença significante, apresentando idade mediana de 23 anos.

    Ao realizar essa pesquisa, observou-se maior frequência dos indivíduos do sexo masculino, provavelmente, pela modalidade estudada que exige bastante força física. Na Tabela 1 são apresentadas as características antropométricas, além das informações sobre a composição corporal dos atletas avaliados. Todos os dados são comparados entre os sexos.

Tabela 1. Distribuição de indicadores antropométricos e de composição corporal dos atletas da seleção brasileira de luta Greco-Romana, Livre e Feminina segundo o sexo

    Os homens atletas são mais altos que as mulheres apresentando diferença média significante de 15,6cm. Entretanto, apesar de, aparentemente, mais pesados (média masculina = 84,5kg x média feminina = 69,6kg), essa diferença não foi significante, o que contribuiu para um IMC estatisticamente semelhante.

    A população feminina apresentou maior percentual de gordura corporal (p<0,01) e menor massa magra (p<0,01) em relação ao grupo masculino.

    Na Tabela 2 está disposta a classificação dos atletas, de ambos os sexos, segundo o IMC e o percentual de gordura corporal.

Tabela 2. Classificação dos atletas de ambos os sexos quanto ao IMC e percentual de gordura corporal (valores não específicos para atletas)

    Ao classificar os atletas utilizando o padrão populacional de classificação do estado nutricional, é perceptível (Tabela 2) que as categorias de IMC atualmente utilizadas para agrupar os indivíduos não devem ser utilizadas, de forma isolada, nesse grupo. Como disposto na Tabela 2, 20% (n=3) dos atletas do sexo masculino seriam classificados como obesos pelo IMC, entretanto, ao observar o %GC corporal, nota-se que nenhum deles apresentou %GC elevado o suficiente para classificá-los como tal. Dentre os 26,7% (n=4) eutróficos, 20,0% (n=3) apresentaram %GC que os classificariam como que apresentando riscos associados ao baixo peso. Os atletas apresentam, em geral, maior massa muscular e menor percentual de gordura em relação à população com um todo, o que faz com que sejam erroneamente classificados pelo IMC. O Gráfico 1 apresenta a distribuição dos atletas, de ambos os sexos, segundo o percentual de gordura.

Gráfico 1. Freqüência dos lutadores do sexo masculino (A) e do sexo feminino (B) segundo percentual de gordura corporal

    Observa-se que 20% dos atletas (n=3) apresentaram percentual de gordura abaixo de 5% indicando possível risco à saúde, tanto pela classificação de Lohman (1992) quanto pelo ACSM (1996). A maior parte dos homens apresentou percentual de gordura entre 5% – 15%. Nenhuma das lutadoras apresentou percentual de gordura que possa causar risco à saúde, ou seja, <8% e entre 12% e 14%, segundo de Lohman (1992) e ACSM (1996), respectivamente, sendo que 50% delas apresentou percentual entre 20% e 25%.

Discussão

    A composição corporal dos atletas influencia diretamente no seu desempenho, devendo ser feita a avaliação da composição corporal com cautela (GOBBO et al., 2002).

    Ao ser observada a composição corporal e os indicadores antropométricos dos atletas de ambos os sexos, percebem-se diferenças significantes quanto à estatura, os homens são mais altos e o percentual de gordura feminino é maior em relação o masculino. Porém em relação ao IMC não houve diferença significante. Como esperado, verificamos que os atletas do sexo masculino apresentaram menor percentual de gordura e maior massa magra em relação às atletas. Em concordância com nossos estudos, Gobbo et al. (2002) também observaram em seu estudo que os atletas são mais altos que as mulheres, e estas, por sua vez, tem a adiposidade maior que os homens que apresentam em sua composição corporal maior massa magra.

    Sabe-se que a composição corporal está associada ao desempenho do atleta. No estudo de Mancini et al.(2008), diferentemente do esperado, não houve correlação significante entre composição corporal e o desempenho nos Estilos Livre e Greco-Romano, porém no Estilo Feminino quanto maior foi o percentual de gordura corporal, menor foi o desempenho, em contrapartida, quanto maior foi a massa magra melhor o desempenho.

    Dessa forma, acredita-se ser importante realizar um diagnóstico correto do estado nutricional e conhecer, com a maior precisão possível, a composição corporal dos atletas para que modificações sejam sugeridas ao longo dos treinamentos com o propósito de melhorar o desempenho, visto que, de acordo com dados literatura (SANTIONI e SOARES, 2006; GLANER e BRITO, 2007; MANCINI et al., 2008), a composição física e fisiológica do atleta pode interferir diretamente na sua performance.

    Infelizmente, o que temos em nossos dias, são classificações e pontos de corte de IMC e percentual de gordura corporal para população sadia não atleta. Há uma carência quanto às recomendações específicas para esse grupo, talvez, devido à necessidade de haver pontos de corte próprios para cada modalidade esportiva, o que dificulta a preconização do percentual de gordura mínimo e desejável para as diversas modalidades, dentre elas, as Lutas Olímpicas (MANCINI et al., 2008).

    Quanto à classificação do IMC dos atletas de ambos os sexos, constata-se que o IMC não pode ser o único método utilizado para classificação do estado nutricional desses indivíduos, visto que 20% (n=3) dos atletas seriam, erroneamente, classificados como obesos, já que, ao verificar o percentual de gordura corporal dos lutadores, os mesmos não se enquadrariam em tal grupo. O mesmo erro aconteceu ao classificar 20% dos atletas como eutróficos pelo IMC e, quando verificado o percentual de gordura corporal, segundo a classificação proposta para a população saudável, enquadraram-se na categoria que apresenta riscos associados ao baixo peso.

    O IMC torna-se errôneo quando utilizado isoladamente para uma população que pratica atividade física intensa, pois a massa muscular elevada pode aumentar o IMC sem que haja gordura corporal em excesso (REZENDE et al., 2007). Havendo assim, a necessidade de se conhecer o percentual de gordura corporal para que o diagnóstico desta população específica seja realizado de forma prudente.

    Ao analisar o Gráfico 1, observa-se que 20% (n=3) dos atletas do Estilo Livre e Greco-Romano apresentaram percentual de gordura corporal (%GC) que indicam risco à saúde (%GC<5%). No estilo feminino não houve comprometimento da saúde devido à gordura corporal. O resultado do presente estudo se difere ao de Mancini et al. (2008) em relação aos atletas do sexo masculino que apresentaram %GC menor do que 5%. Na pesquisa de Mancini et al. (2008) nenhum dos lutadores apresentou percentual abaixo de 5%, sendo que a maioria dos atletas dos Estilos Livre e Greco-Romano, apresentou gordura corporal entre 5% e 10%. Em relação às atletas do Estilo Feminino, no estudo de Mancini et al. (2008) 43% das mulheres encontravam-se com percentual de gordura abaixo do recomendado, ou seja, menor do que 14% de gordura corporal, diferentemente de nosso estudo, já que 50% das lutadoras apresentou percentual de gordura corporal entre 20% e 25%.

    É importante mencionar que Mancini et al. (2008) também avaliaram lutadores do Estilo Livre, Greco-Romano e Feminino, entretanto, não observaram apenas atletas brasileiros como em nossa pesquisa, mas sim, lutadores provenientes da Argentina, Bolívia, Brasil e Chile, participantes da Copa Brasil Internacional de Luta Olímpica.

    Fato interessante a ser observado refere-se ao percentual de gordura corporal desses atletas e o desempenho na competição. Como mencionado anteriormente, apesar dos estudiosos (MANCINI et al., 2008) não terem encontrado correlação entre a composição corporal e o desempenho dos atletas do sexo masculino (Estilo Livre e Greco-Romano), correlação inversa e significante foi percebida no Estilo Feminino, ou seja, à medida que as lutadoras apresentavam maior percentual de gordura corporal e menor a massa magra, menor foi o desempenho na Copa do Brasil. Considerando que grande par das mulheres avaliadas por esses autores (43%) apresentaram percentual de gordura abaixo de 14% e mesmo assim a relação com o desempenho foi inversa, isso nos leva suspeitar que algumas atletas, por nós avaliadas, encontram-se com percentual de gordura acima do que poderia, talvez, ser o ideal para esta modalidade, já que metade (50%) das atletas apresentou gordura corporal entre 20% e 25%.

    Muitos estudos são realizados a fim de conhecer o perfil antropométrico e a composição corporal de atletas das diversas modalidades, dentre elas podemos citar o Culturismo (MAESTÁ et al., 2000), a Canoagem (GOBBO et al., 2002), o Basquetebol (PAIVA NETO e CÉSAR, 2005), o Karatê (ROSSI e TIRAPEGUI, 2007), o Judô (GLANER e BRITO, 2007), o Futebol (BUSCARIOLO et al., 2008). Entretanto, foi encontrado apenas 1 estudo que teve como parte de sua população atletas brasileiros de Luta Olímpica (MANCINI et al. 2008).

    Assim, muitos estudos ainda precisam ser realizados a fim de inferir um perfil corporal que melhor contribui para um desempenho satisfatório dos atletas de Luta Olímpica, como o Estilo Livre, Greco-Romano e Feminino, propondo, dessa forma, pontos de corte para o percentual mínimo e desejável de gordura corporal específicos para cada modalidade.

Conclusão

    Conclui-se que a avaliação corporal em atletas deve ser feita cuidadosamente, não podendo o IMC ser único método utilizado para a avaliação, visto que o mesmo não é capaz para distinguir massa magra de gordura corporal, podendo ser confundidos obesidade e hipertrofia muscular.

    Em relação ao percentual de gordura corporal, metade das atletas avaliadas, apresentaram percentual de gordura normal para uma população não ativa, levando-nos a suspeitar que os valores encontrados estão acima do desejável para a modalidade.

    Visto que a composição corporal influencia o desempenho dos atletas, devem ser designados pontos de cortes para que o percentual de gordura seja satisfatório para cada modalidade.

    Para que isso aconteça novos estudos precisam ser realizados propondo pontos de cortes específicos para cada modalidade esportiva, dentre eles, as lutas de combate.

Referências bibliográficas

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