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Correlação entre o estado nutricional e a

mobilidade em idosas fisicamente ativas

Correlación entre el estado nutricional y la morbilidad en mujeres mayores físicamente activas

Relationship between nutritional status and mobility in older female physically active

 

*Graduando em Educação Física

**Mestre em Educação Física

Centro Universitário de Belo Horizonte, UNIBH

(Brasil)

Fábio Henrique Campos Silva*

Renata Aparecida da Silva Lopes*

Marcos Borges Júnior**

Vanessa Baliza Dias**

marcosborgesjunior@yahoo.com.br

 

 

 

 

Resumo

          A população idosa brasileira está aumentando, e com o avanço da idade, as capacidades funcionais das pessoas diminuem. Por isso faz-se necessário o conhecimento das mudanças decorrentes da idade. O envelhecimento é inerente a todo ser vivo e é um processo complexo que envolve inúmeras variáveis como genética, estilo de vida, doenças crônicas, fatores sociais, entre outros e a medida que isso ocorre, o idoso torna-se mais inativo gerando perda progressiva das capacidades. Capacidades físicas como resistência aeróbia, flexibilidade e força estão diretamente ligadas à capacidade funcional e à independência na realização das atividades de vida diária (AVD’s) (vestir-se, banhar-se, alimentar-se) e as atividades instrumentais da vida diária (AIVD’s) (limpar a casa, cuidar da roupa, da comida, usar equipamentos domésticos, fazer compras, usar transporte pessoal ou público, controlar a própria medicação e finanças, entre outras). Alterações na distribuição corporal tem sido associadas a diminuição da capacidade funcional. Entender melhora esta relação faz-se necessário para direcionar melhor atividades de acordo com suas necessidades. Para isso o objetivo do presente estudo foi correlacionar o estado nutricional e o teste de caminhar em idosas fisicamente ativas. Realizou-se um teste transversal, descritivo e analítico, com uma amostra de 66 voluntárias com 60 anos ou mais. Para verificar a resistência aeróbia foi utilizado o teste de caminhar 6 minutos, e para verificar estado nutricional foi utilizado o índice de massa corporal. Na análise dos dados, utilizou-se o teste de normalidade de Shapiro-wilk e a correlação por postos de Spearman com p<0,05. A média encontrada para o IMC foi de 29,6 (± 5,5). No Teste de caminhar 6 minutos a média foi 530,5 m (+-8,8). A correlação entre esses dois testes foi moderada e inversa (-0,419). Idosas com maior IMC realizam menores distâncias no teste de caminhar 6 minutos. Sugere-se novas pesquisas com o objetivo de relacionar as capacidades funcionais e morbidades, para conhecimento dos fatores associados à independência do idoso, fazendo assim com que novos programas de mudança no estilo de vida para promoção da saúde possam ser criados.

          Unitermos: Idoso, Índice de massa corporal, capacidade aeróbica.

 

Abstract

          The elderly population is increasing, and with advancing age, the functional capabilities of people decrease. Therefore it is necessary to know the changes due to age. Aging is inherent in every living being and is a complex process involving many variables such as genetics, lifestyle, chronic diseases, social factors, among others, and as this occurs, the elderly becomes more inactive causing progressive loss of. Physical abilities such as endurance, flexibility and strength are directly related to functional capacity and independence in performing activities of daily living (ADLs) (dressing, bathing, feeding) and instrumental activities of daily living (IADL's ) (cleaning house, caring for clothes, food, household equipment use, shopping, using public or personal transport, control their own finances and medication, among others). Changes in the distribution body has been associated with reduced functional capacity. Better understand this relationship it is necessary to better target activities according to their needs. For this the purpose of this study was to correlate the nutritional status and the test of walking in active elderly women. Was Realized is a test cross-sectional descriptive and analytical, with a sample of 66 volunteers aged 60 or more participants of the extension projects out aquatic Bodybuilding and University Center of Belo Horizonte. To check the endurance test was used to walk 6 minutes, and check the nutritional status was used body mass index. In data analysis, we used the normality test of Shapiro-Wilk and Spearman rank correlation p <0.05 The average for BMI was 29.6 (± 5.5). In the mean 6 minutes walking test was 530.5 m (+ -8.8). The correlation between these two tests was moderate and reverse (-0.419). Elderly with BMI carry smaller distances in the 6 minutes walking test.

          Keywords: Aged. Body mass index. Aerobic capacity.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - Año 16 - Nº 156 - Mayo de 2011. http://www.efdeportes.com/

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Introdução

    A população idosa tem aumentado consideravelmente nos últimos anos. O número de idosos vem crescendo mais quando comparado ao crescimento no número de crianças. Em 1980, existiam cerca de 16 idosos para cada 100 crianças. Vinte anos depois essa relação praticamente dobra, passando para quase 30 idosos por cada 100 crianças. Este fenômeno é mundial, entre 1950 e 1998 o total de idosos no mundo aumentou mais que o dobro, passando de 204 milhões para 579 milhões de pessoas. A expectativa de vida desde 1950 aumentou 19 anos. Segundo projeções o número de idosos com 100 anos ou mais será 15 vezes maior em 2050 (IBGE, 2000).

    O envelhecimento populacional caracteriza-se pela redução da participação relativa de crianças e jovens, acompanhada do aumento do peso proporcional dos adultos, e particularmente, dos idosos. Enquanto em 2008 o contingente de idosos com 65 anos ou mais no Brasil era de 6,53%, a perspectiva para 2050 é que esse número passe dos 22,71% de idosos no país (IBGE, 2008).

    Devido a esse processo de envelhecimento populacional, faz-se necessário o conhecimento das mudanças decorrentes da idade. O envelhecimento é inerente a todo ser vivo e decorre de um processo complexo, envolvendo inúmeras variáveis como fatores genéticos, estilo de vida, doenças crônicas, fatores sociais, ente outros (DANTAS et al, 2002) e, à medida que isso ocorre, o idoso torna-se mais inativo gerando uma perda progressiva das suas capacidades físicas (MATSUDO E NETO, 2000).

    As capacidades físicas e psico-cognitivas são fatores preponderantes para a funcionalidade do idoso. Estas estão relacionadas com a independência e melhores condições de saúde dessa população. Capacidades físicas como resistência aeróbia, flexibilidade e força estão diretamente ligadas à capacidade funcional e à independência na realização das atividades de vida diária (AVD’s) (vestir-se, banhar-se, alimentar-se) e as atividades instrumentais da vida diária (AIVD’s) (limpar a casa, cuidar da roupa, da comida, usar equipamentos domésticos, fazer compras, usar transporte pessoal ou público, controlar a própria medicação e finanças, entre outras) (NOGUEIRA, 2003).

    Um fator que está associado à dificuldade de realizar as atividades rotineiras para o idoso é a má nutrição (baixo peso ou obesidade). As alterações na distribuição corporal têm sido associadas positivamente com a diminuição da capacidade funcional. A obesidade tem influencia negativa sobre a mobilidade nos idosos (GORDON E JESEN, 2005; BARBOSA et al, 2007).

    A avaliação do índice de massa corporal (IMC) tem sido utilizada para caracterização do estado nutricional em idosos, e mesmo de maneira grosseira, é a mais útil medida de avaliação de obesidade de uma população. Segundo Cervi, Franceschini e Priore (2005) vários autores têm sugerido a utilização do IMC em estudos para investigar a relação do sobrepeso e baixo peso com o risco de morbidade e mortalidade.

    Tavares e Anjos (1999) ao realizarem estudo do perfil nutricional com amostra probabilística em 1989, encontraram a prevalência de sobrepeso (IMC<25) de 30,4% e 50,2% em homens e mulheres, respectivamente, mais elevada que em adultos jovens. Esses resultados indicam um quadro preocupante do estado nutricional do idoso no país.

    Uma alternativa para controle ponderal é a prática de exercícios aeróbicos, e a melhoria nesta aptidão contribui para a manutenção da independência e da qualidade de vida dos idosos (SHEPARD, 1978, apud, FARINATTI E MONTEIRO, 2008). Essa independência relaciona-se diretamente com a mobilidade. Esta é definida pela capacidade de movimentação, de forma independente e segura, de um lugar para o outro. Idosos que apresentam dificuldades em tarefas complexas de mobilidade podem aumentar sua chance de incapacidade funcional, institucionalização e morte (Pine 2005).

    Entender a relação do estado nutricional e a mobilidade em idosos faz-se necessário para melhor direcionamento de atividades físicas com intuito de melhor a qualidade de vida desta população. Para isso, o objetivo deste estudo foi correlacionar o estado nutricional e a mobilidade em idosas fisicamente ativas.

Métodos

Amostra

    A amostra foi composta por 66 voluntários do sexo feminino (n=66), com 60 anos de idade ou mais (média de 67,7 anos ± 5,6) fisicamente ativos. As idosas participavam dos Projetos de Extensão do UNI- BH (musculação e hidroginástica). Estes foram avaliados e autorizados pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Extensão do UNI-BH. Todos os participantes tiveram que apresentar um atestado médico no qual indicava que eles estavam aptos à pratica de atividade física. Os voluntários assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido, o qual explicava os objetivos da pesquisa e assegura o sigilo da identidade dos participantes.

Instrumentos e procedimentos

    Realizou-se um estudo transversal, descritivo e analítico.

    A coleta dos dados foi realizada no Laboratório de Musculação (LAMUSC) do UNI-BH, no período de 05 a 09 de dezembro de 2010.

Estado nutricional

    Para avaliação do estado nutricional, utilizou-se como medida o índice de massa corporal (IMC) que é obtido através da divisão da massa corporal em quilogramas pela estatura em metros, elevada ao quadrado (kg/m2). Este método é aplicável em estudos de avaliação de composição corporal de grandes grupos de indivíduos, como em estudos epidemiológicos, pela simplicidade de aplicação e custo baixo.

    Para a coleta dos dados, foi utilizada uma balança da marca Welmy, com capacidade de 150 kg para avaliação do peso corporal, e estadiômetro acoplado à balança com escala de 0,5 centímetros, com altura máxima de 2,00 metros.

Resistência aeróbia

    Para a avaliação da resistência aeróbia foi aplicado o teste de caminhar 6 minutos (Rikli e Jones, 1994). Este teste avalia a resistência aeróbia, importante para caminhada e independência. O teste consiste em dar o maior número de voltas em 6 minutos em um percurso de 45,7 metros. O escore corresponde ao número de voltas percorridas multiplicadas por 45,7 metros somados ao número de metros extras. Para a realização do teste foram utilizados: Cronômetro Digital da marca Oregon SL210; fita métrica de 152,4; fita adesiva.

Análise estatística

    Na análise dos dados, empregaram-se procedimentos da estatística descritiva e analítica. Realizou-se o teste de normalidade de Shapiro-wilk e a correlação por postos de Spearman para se medir o grau de relação. O programa estatístico utilizado foi o SPSS 18.0 e o nível de significância adotado foi p<0,05.

Resultados e discussão

    Os resultados encontrados para a média de IMC e teste de caminhada 6 minutos estão expressos na tabela 1

    A média encontrada para o IMC foi de 29,6 (± 5,5). Utiliza-se o IMC como índice para avaliar o estado nutricional de um indivíduo. Estudos estão sendo desenvolvidos para atribuir um ponto de coorte para idosos. Segundo Cervi et al. (2005) o ponto de coorte definido atualmente para idosos é baixo peso IMC < 22,0 kg/m2 , eutrofia IMC entre 22 e 27 kg/m2 e sobrepeso IMC > 27 kg/m2, pois leva em consideração as modificações na composição corporal que acontecem durante o processo de envelhecimento.

    Gordon & Jensen (2005) sugerem que indivíduoss com o IMC elevado demonstram maior risco de apresentar incapacidade funcional comparadas com os de percentual baixo para IMC..

    Em estudo realizado por Galanos et al. (1994) onde avaliaram a relação do IMC e a autopercepção da capacidade funcional em homens e mulheres com idade superior a 65 anos, observou-se que, quanto mais extremo for o IMC, para cima ou para baixo, maior o risco de comprometimento funcional.

    O teste de caminhar 6 minutos (TC6) tem sido muito utilizado a aptidão física em indivíduos pouco condicioandos fisicamente. Tem como objetivo avaliar a capacidade aeróbia para prática de esportes e outras atividades, avaliar o estado funcional do sistema cardiovascular e/ou respiratório na saúde e doença e predizer estado de morbidade e mortalidade em indivíduos dependentes. É um teste que possui boa correlação com o VO2 e tem fácil aplicação, pois reflete as atividades de vida diária (PIRES et al, 2007).

    Pires et al (2007) ao avaliarem idosos acima de 60 anos no teste TC6 obtiveram valores de 457,39 ± 64,10 metros. A aptidão funcional e média de idade são fatores que influenciam na diferença de distância encontrada entre os resultados, devido à diminuição da força muscular global e função pulmonar decorrentes do processo de envelhecimento.

    Enright e Sherril (1998) sugerem que pessoas saudáveis possam caminhar durante o TC6 distâncias entre 400 e 700 metros. Os resultados encontrados neste estudo (530,5 ± 8,8 metros) estão dentro dos valores normativos para saúde em idosos.

    Os resultados encontrados para a correlação entre o índice de massa corporal e o teste de caminhar 6 minutos estão expressos na tabela 2.

    A correlação entre esses dois testes foi moderada e inversa (-0,419). Idosas com maior IMC realizam menores distâncias no TC6.

    O teste de caminhada de 6 minutos relaciona-se à capacidade de realizar atividades instrumentais da vida diária. O IMC, além de predizer o estado nutricional, relaciona-se também à morbidade

    Mazo (2006), investigou a relação entre composição corporal e performance física em mulheres idosas, e concluiu que níveis baixos de performance estão relacionados com níveis altos de IMC, o que corrobora o achado de Rech et al. (2010), onde verificaram que 87.8% das idosas com excesso de peso exibem um baixo nível de aptidão funcional.

    Morbidades pode ser um fator de risco associado à perda da capacidade funcional, e estas limitam os indivíduos, o que pode desencadear no aparecimento de novas morbidades. A obesidade está relacionada a um grau de interferência nas realizações das atividades de vida diária para 32,1% de 141 idosos avaliados em um ambulatório universitário, com média de idade de 76 anos (RODRIGUES et al, 2008).

Conclusão

    O presente estudo mostrou uma correlação moderada e inversa entre IMC e teste de caminhar 6 minutos.

    Vale ressaltar a necessidade de novas pesquisas com o objetivo de relacionar as capacidades funcionais e morbidades, para conhecimento dos fatores associados à independência do idoso, fazendo assim com que novos programas de mudança no estilo de vida para promoção da saúde possam ser criados.

Referências

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