efdeportes.com

Dança Circular. Pesquisa e prática de danças
circulares tradicionais brasileiras

Danza circular. Investigación y práctica de danzas circulares tradicionales brasileñas

 

Pesquisadora em Danças Brasileiras

(Brasil)

Caroline de Miranda Borges

caroline.miranda.borges@gmail.com

 

 

 

 

Resumo

          A Dança Circular é uma modalidade de dança recentemente estudada que se apresenta em quase todos os tipos de danças tradicionais espalhadas pelo mundo. Os primeiros registros acadêmicos se deram através do coreógrafo e pesquisador alemão Bernhard Wosien (1908-1986) que descreveu a dança como “uma dança capaz de expressar verdadeiramente os seus sentimentos“. Segundo pesquisadores a dança circular tem como objetivo principal a integração entre os participantes do grupo de forma a trazer bem estar, minimizar o stress, desenvolver autoestima, equilibrar o corpo físico, mental, emocional e espiritual.

          Unitermos: Dança circular. Bernhard Wosien. Fundação Findhorn. Danças tradicionais. Folclore.

 

 
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 18, Nº 184, Septiembre de 2013. http://www.efdeportes.com/

1 / 1

Histórico

    Considerada a mais antiga das artes, a dança é uma manifestação espontânea do ser humano, podendo ser expressa individual ou coletivamente.

    Aparentada aos gestos mais elementares da vida, a dança primitiva logo forjou seus ritmos e seus ritos. Dançar era, ao mesmo tempo, viver, transcender o cotidiano, iniciar-se nos mistérios da vida, da morte e da fertilidade. A dança com o passar dos anos, enriqueceu-se de fórmulas, de construções que se tornaram passos tão numerosos quanto às palavras, encadeando-se traduzindo situações, estados de alma. Utilizando as palavras, depois as batidas de mãos e de pés como acompanhamento, a dança apoderou-se, em seguida, da música. (Larousse, 1995)

    Em 1867 Jean-Baptiste Carpeaux (1827-1875) pintor e escultor Frances disponibilizou um modelo original em gesso denominado “A Dança” (Figura 1) onde evidencia mulheres em movimento circular retratando de forma singular a dança circular e suas vertentes. Obra exposta no Museu d’Orsay em Paris – França.

Figura 1. A Dança de Jean-Baptiste Carpeaux

    Uma pintura de 1910 (Figura 2) de autoria do francês Henri Matisse exposta no Museu do Hermitage em São Petersburgo – Rússia descreve a dança como um grupo de pessoas brincando em roda. Nesse quadro o autor cria uma sensação rítmica através da sucessão de nus dançantes que transmite os sentimentos de libertação emocional e hedonismo.

Figura 2. A Dança de Henri Matisse

    A dança e outras atividades que envolvem movimento corporal muitas vezes são ignoradas no contexto da cura e das terapias que visam o bem-estar, mas elas são membros poderosos desse grupo e tem sólidas ligações com corpo, mente, emoções e espírito.

    A dança é mais natural para os que possuem uma estrutura corporal forte e esguia e propensão à boa coordenação, mas como terapia, a dança e o movimento estão disponíveis e são úteis para todos sem distinção. Quando o tato e a sinestesia estão envolvidos, ela se torna muito útil para pessoas cujos movimentos e coordenação foram prejudicados devido a danos no sistema nervoso. Além disso, a dança e o movimento são úteis ao desenvolvimento do equilíbrio e coordenação, da autoconfiança e da consciência do corpo. Quando realizada até seus limites máximos, a dança como arte proporciona ao dançarino e aos que participam dela uma experiência espiritual sublime. (Peter Albright, 1973).

    A dança circular sagrada ou dança de roda, é uma prática que reúne vários tipos de danças tradicionais folclóricas de diferentes locais do globo. O pesquisador Bernhard Wosien (1908-1986) (Figura 3) foi um bailarino e coreógrafo alemão que teve o interesse em viajar o mundo para conhecer as diversas manifestações de danças tradicionais. Já por volta de seus sessenta anos de idade, Wosien em visita ao vilarejo de Findhom na Escócia, foi convidado a apresentar uma coletânea das danças que havia aprendido durante a sua empreitada. Foi nesse momento que, ao ensinar a dança, compreendeu que já havia encontrado o que buscava: uma dança capaz de expressar verdadeiramente os seus sentimentos. Essa dança, então, foi denominada de dança circular sagrada.

Figura 3. Bernhard Wosien

    O termo “sagrado”, utilizado como adjetivo tem a função de expressar os seus objetivos: capacidade de fazer emergir o respeito ao próximo, o carinho por si e pelo outro e a melhora da autoestima, já que é realizada em grupo. Quando englobada pelo universo místico-religioso, as danças circulares centram-se no conceito de “energia”, já que se acredita que a roda, formada pelas mãos dadas dos praticantes, seja capaz de fazer circular uma energia boa, podendo até ser curativa.

    No Brasil, a prática e o estudo das danças circulares sagradas chegaram de forma técnica e documental na década de 1980, por meio do primeiro instrutor brasileiro Carlos Solano aluno da Fundação Findhorn e aluno de Anna Barton, outro ícone dessa categoria de dança.

    Anna Barton em um dos seus registros descreve a sua história pessoal sobre seu encontro com Bernhard Wosien e a sua entrega ao trabalho de pesquisa com os grupos de estudo de dança circular.

    “... A Dança reúne, cura, inclui, unifica, ensina, emociona, transcende. É uma parte essencial da Nova Era. Sua influência pode se expandir e ajudar a transformar o mundo.” (Barton, 2006)

    Segundo pesquisas as funções e benefícios da dança circular são:

    Segundo Rudolf Laban as formas e ritmos de nossos movimentos são poderes através dos quais podem ser realizadas as ações práticas; no entanto, contêm também fortes doses de energia geradora e dão lugar a reações de consequências, ou benéficas ou desastrosas. O homem demonstra, por intermédio de seus movimentos e ações, o desejo de atingir certos fins e objetivos. Podemos referir-nos a estes últimos como sendo valores, tanto de natureza material quanto espiritual. (Domínio do Movimento, 1978)

Danças Circulares Brasileiras

    No Brasil vários autores retratam a dança como um estado de espírito, um reflexo de bem estar e prazer do corpo físico e da mente que requer solidariedade e empenho entre sociedade e comunidade.

    Segundo Nuno Cobra em seu livro “A Semente da Vitória” a ligação do movimento corporal e do espírito se retrata no equilíbrio como um todo.

    “... Para seu perfeito funcionamento o corpo necessita de movimento. Mas movimento ordenado, sem sacrifícios. O esforço faz bem, desde que o prazer o acompanhe. O perfume da natureza, o frescor da brisa, as cores do dia transformam o esforço num conjugado de movimentos-mentalização-espiritualidade...”

    Cristovam Buarque em seu livro “A Segunda Abolição” refere ao exercício da solidariedade como um fator imprescindível à harmonia social, tudo que é feito em grupo e em sintonia retrata de forma ética o equilíbrio.

    “... A elite brasileira está aprendendo as vantagens sociais, econômicas e, sobretudo morais e estéticas do exercício da solidariedade. Isso pode ser um vetor fundamental na mudança social brasileira em direção à nossa segunda abolição...”

    Marcos Mendonça secretário de Estado da Cultura – 1995 no artigo “Cultura: um sinônimo de esperança” destaca a importância da doação do ser humano ao próximo e diz que esse vetor que moverá o mundo globalizado nesse próximo milênio. Autor da lei de preservação do patrimônio e do meio ambiente e da Lei Mendonça de Incentivos Fiscais à Cultura.

    “... A música pode abrir horizontes a menores carentes e a um passo da marginalidade, o teatro pode levar de volta à escola um contingente de meninos e meninas de rua, a dança afasta os jovens das drogas. Ajudar cada um a exercer seu potencial e usar seu lugar no mundo para refazer o universo de milhares de crianças que dependem de cada um de nós é hoje mais que uma frase, que um discurso. É uma obrigação. Fazer da cultura um sinônimo de esperança, essa é a nossa missão.”

    Na busca por identificação de danças tradicionais brasileiras, pode-se verificar que a maioria das manifestações populares desenvolvidas em âmbito familiar, se resume a um grupo de pessoas que se reúnem para comemorar uma data ou relembrar uma ocasião ou acontecimento. Esse evento é cercado de danças circulares que perpetuam a tradição.

    Na dança pode-se identificar a experiência das consciências do ser humano e segundo o professor Paulo Roberto da Silva em seu livro “Consciência e Abundância” as características das consciências predominante e emergente do ser humano se resume conforme tabela 1:

Tabela 1. Consciências

    No Brasil as danças circulares que correm pelas manifestações populares se destacam pelo ambiente familiar que se desenvolvem. As coreografias, formações, musicalidade e instrumentos utilizados são repassados de pai para filho com o objetivo de perpetuação da prática cultural. Entre as mais estudadas de destacam:

    Ciranda. É um tipo de dança e música de Pernambuco, originária da região Nordeste e mais predominante na região de Itamaracá. É praticada pelas mulheres de pescadores que cantam e dançam esperando seus maridos regressarem do mar. Caracteriza-se pela formação de uma grande roda conforme figura 4, geralmente nas praias ou praças, onde os integrantes dançam ao som de ritmo lento e repetido. O ritmo, quaternário composto, lento, com o compasso bem marcado pelos instrumentos conforme figura 5 – com um toque forte do zabumba (ou bumbo), e acompanhado pelo tarol, o ganzá, o maracá, é coreografado pelo movimento dos cirandeiros. São utilizados basicamente instrumentos de percussão.

Figura 4. Cirandeiros

 

Figura 5. Instrumentos Musicais: Zabumba, maracás, tarol e ganza

    Quadrilha. A quadrilha junina, matuta ou caipira é uma dança típica das festas juninas, dançada, principalmente, na região Nordeste do Brasil. É originária de velhas danças populares de áreas rurais da França (Normandia) e da Inglaterra. Os passos e a movimentação dos pares da quadrilha são realizados em subgrupo, rodas e filas conforme figura 6. A música da orquestra normalmente é composta conforme figura 7, por zabumba ou bumbo, sanfona e triângulo. Os ritmos mais tocados são: forró, xote, coco, baião, xaxado e vaneirão.

Figura 6. Quadrilha

 

Figura 7. Instrumentos Musicais: Bumbo, Sanfona e Triângulo

    Samba de Roda. O samba de roda recebeu a influência portuguesa e no Brasil teve a introdução da viola e do pandeiro. Acompanhado por atabaques, ganzá, reco-reco, viola e violão conforme figuram 9, o solista entoa cantigas, seguido em coro pelo grupo a dançar. Ligado ao culto de orixás e caboclos, à capoeira, o samba de roda é misto de música, dança, poesia e festa que se revela em duas formas características: o samba chula e o samba corrido.

    A chula, uma forma de poesia, é declamada pelo solista, enquanto o grupo escuta atento e se rendendo aos encantos da dança. Após o término do pronunciamento, quando um participante por vez adentra o meio da roda ao som da batucada regida por palmas. Já no corrido, o samba toma conta da roda ao mesmo tempo em que dois solistas e o coral se alternam no canto. Também conhecida como Umbigada – porque cada participante, ao sair da roda, convida um novo para a dança dando-lhe um “encontrão de barriga” (Figura 8).

Figura 8. Umbigada

 

Figura 9. Instrumentos musicais: atabaque, violão, viola, reco-reco e pandeiro

    Pau-de-fita. Ou dança das fitas é uma dança folclórica coreografada originária da Europa. A coreografia desenvolve-se como uma ciranda de participantes que orbitam ao redor de um mastro central afixado no chão – dança de roda conforme figura 10. No topo do mastro são presas as pontas de longas fitas coloridas, cuja extremidade pendente é sustentada por cada dançante. Durante a dança e a movimentação dos dançarinos em translação e em zigue-zague em torno do mastro central, as fitas vão sendo trançadas, encurtando a parte pendente até que fique impossível prosseguir. Faz-se após o movimento contrário, destrançando as fitas. Há variações na música e instrumentos por causa da regionalização. No Brasil tem grande popularidade durante as festas de Reis, do Divino, do Natal, do Ano-bom. Também é encontrada em vários pontos do país, recebendo nomes diversos: trancelim (Crato - Ceará) e dança-do-trancelim (Cariri, Ceará), dança-das-fitas (São Paulo), dança-da-trança, dança-do-mastro ou trança-fita (Minas Gerais), vilão (Pernambuco e interior de Minas Gerais).

    Segundo o folclorista Luís da Câmara Cascudo, é também conhecido como trançado, engenho ou moinho. Também chamada jardineira e trança esta dança se disseminou nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, dançada especialmente durante festejos de origem açoriana, gaúcha, alemã e festas juninas. Em Santa Catarina é sempre precedida pela jardineira; no Rio Grande do Sul é dançada juntamente com a jardineira e o boizinho. No Rio Grande do Norte aparece no final do bumba-meu-boi, com o nome de engenho-de-fitas. Na Amazônia é parte da dança-do-tipiti. A dança de pau-de-fita tem como instrumentos principais a gaita gaúcha e as violas conforme ilustrado nas figuras 7 e 9.

Figura 10. Pau-de-Fita

    Carimbo. Seu nome, em língua tupi, refere-se ao tambor com o qual se marca o ritmo, o curimbó (Figura 11). Costumam estarem presentes também os maracás. Surgida em torno de Belém na zona do Salgado (Marapanim, Curuçá, Algodoal) e na Ilha de Marajó, passou de uma dança tradicional para um ritmo moderno, influenciando a lambada e o zouk.

    A dança é apresentada em pares. Começa com duas fileiras de homens e mulheres com a frente voltada para o centro. Quando a música inicia os homens vão em direção às mulheres, diante das quais batem palmas como uma espécie de convite para a dança. Imediatamente os pares se formam, girando continuamente em torno de si mesmo, ao mesmo tempo formando um grande círculo que gira em sentido contrário ao ponteiro do relógio. Nesta parte observa-se a influência indígena, quando os dançarinos fazem alguns movimentos com o corpo curvado para frente, sempre puxando com um pé na frente, marcando acentuadamente o ritmo vibrante.

    A música que acompanha a dança carimbó é a preferida pelos pescadores marajoaras. Nos anos 60 e 70, adicionaram-se ao carimbó instrumentos elétricos (como guitarras) e influências do merengue e da cúmbia. A formação instrumental original do carimbó era composta por dois curimbós: um alto e outro baixo, em referência aos timbres (agudo e grave) dos instrumentos; uma flauta de madeira (geralmente de ébano ou acapú, aparentadas ao pife do nordeste), maracás e uma viola cabocla de quatro cordas, posteriormente substituída pelo banjo artesanal, feito com madeira, cordas de náilon e couro de veado. Hoje o instrumental incorpora outros instrumentos de sopro, como flautas, clarinetes e saxofones conforme ilustra figura 12.

Figura 11. Dança Carimbó

 

Figura 12. Instrumentos Musicais: clarinete, saxofone, guitarra, flauta de madeira, curimbó e viola cabocla

    Candomblé. As danças do candomblé oriundas da religião africana, muito encontrada na região nordeste e sudeste do Brasil, são estruturadas em coreografias executadas no xirê, termo este utilizado para denominar a sequência na qual os seus deuses são reverenciados ou invocados durante os cultos a eles destinados. É também chamado de Roda dos Orixás. Primeira entre todas é a forma do círculo, a antiga roda sagrada (Figura 13), que pode ser encontrada em várias culturas; de fato, em todas as danças estáticas, os dançarinos rodam em torno de um centro, ao tempo em que rodam também sobre si mesmos num duplo movimento de rotação e translação.
A forma do círculo tem uma grande importância na África, Neumann (1981: 214), simbolizando a Grande Mãe, que em si contém os elementos masculinos e femininos. Por isso as coreografias referentes às divindades da Água: Oxum e Iemanjá possuem um movimento circular.

    É interessante observar que as danças estáticas rodam em sentido anti-horário, esta direção é tomada em quase todas as danças sagradas do mundo, talvez porque abre a brecha entre sagrado e profano, simbolizando a volta à origem. As danças começam em um grande e lento círculo que vai diminuindo ao longo do ritual com voltas sobre si, durante as incorporações, a simbolizar uma direção para o interno. Como o círculo, a espiral é um símbolo antiquíssimo. A espiral aparece nas rotações que as filhas-de-santo fazem sobre si mesmas. Os instrumentos mais utilizados na dança do candomblé são os atabaques, berimbau, xequerê e agogô (Figura 14).

Figura 13. Roda de Candomblé

 

Figura 14. Instrumentos musicais: berimbau, agogô e xequerê e os atabaques rum, rumpi e lê

    Dança da Capoeira. A Capoeira é uma luta disfarçada em dança, criada pelos escravos trazidos da África nos navios negreiros para o Brasil. Dentro das Senzalas após a mistura das culturas das diversas tribos africanas que aqui se encontraram foi documentada como o resultando na primeira forma de defesa dos escravos contra as maldades que sofriam o qual começaram a ocorrer as primeiras fugas dos negros e a fundação dos Quilombos.

    Na época da escravidão toda cultura negra era reprimida, principalmente se tivesse uma conotação de luta, então para poder ser disfarçada a sua prática entre os negros, foi adicionado os instrumentos musicais que deram uma imagem de dança a Capoeira (Figura 15), com músicas que falam de Deuses africanos, Reis das tribos a qual vieram, fatos acontecidos na roda de Capoeira, acontecimentos e sofrimentos do dia-a-dia dos escravos e etc...! Como ninguém tinha interesse sobre a cultura negra, ninguém notava que aquela simples dança, brincadeira e ritual era na verdade a luta marcial dos escravos, que se camuflava para poder permanecer ativa. A orquestra dos grupos de capoeira é geralmente configurada com três berimbaus sendo: um berimbau berra-boi ou gunga com uma cabaça maior e que reproduz o som grave, do lado direito um berimbau gunga ou médio feito com uma cabaça média e de som intermediário, do lado esquerdo um berimbau viola com uma cabaça menor que reproduz um som agudo (Figura 16). Ao lado do gunga vão por ordem o atabaque, um pandeiro (Figura 9) e um agogô (Figura 14), já ao lado do viola vão: outro pandeiro e um reco-reco (Figura 9).

Figura 15. Dança da Capoeira

 

Figura 16. Berimbaus: Berra boi, Gunga e Viola

    Danças indígenas. As danças indígenas tem um grande significado para os seus praticantes, são expressões culturais em forma de um ritual de agradecimento às divindades espirituais indígenas pela farta colheita de suas plantações, pela fartura da caça e da pesca (Figura 17), tal qual a dança tradicional Parichara de Roraima da comunidade indígena Canauanin Kabixaku Kanau'wau. As danças indígenas também podem ser formas de expressões sociais de paz, de guerra e me amadurecimento para o casamento tais quais as danças da tribo dos Xavantes.

Figura 17. Dança Tradicional Parichara

    Da-ño're. Performance Xavante de dança e canto coletiva em círculo. Assim como ocorre em outros cerimoniais, membros das principais classes de idade participam à prática do da-nho’re. É composta de dois times que compõem cada metade ágama, que começam suas respectivas performances em extremidades opostas do anel de casas dispostas em forma de ferradura; a partir daí, seguem direções contrárias, parando para cantar e dançar nos pátios de determinadas residências. Acústica e visual, a performance põe em destaque a oposição e a rivalidade entre classes de idade de metades ágamas opostas, particularmente quando os dois grupos cantam e dançam em frente de casas vizinhas próximas aos vértices do semicírculo de casas (Figura 18).

    Como forma de comportamento expressivo, o da-nho’re é masculino por excelência, ainda que as mulheres também o executem em certas ocasiões. Constitui a mais importante das atividades públicas específicas em que os pré-iniciados moradores da casa dos solteiros, conhecidos como wapté e os rapazes recém-iniciados chamados de ‘ritai’wa se envolvem enquanto membros de classes de idade. Performances da-nho’re engendram laços emocionais extraordinariamente fortes entre os que delas participam ilustrando de forma concreta a força da dança circular entre os praticantes.

Figura 18. Dança Xavante Da-nho’re

    Os instrumentos musicais indígenas são confeccionados artesanalmente e podem ser encontrados nos mais diversos tamanhos e formas são eles: apito, flauta, pau de chuva, zunidor, chocalho, maraca, dentre outros (Figura 19).

Figura 19. Instrumentos musicais indígenas: apito, flauta e pau de chuva Guarani, maracá Xavante, zunidor Mehinaku e chocalho Kayapó

    Dança Circular Sagrada. As Danças Circulares sempre estiveram presentes na história da humanidade, nascimento, casamento, plantio, colheita, chegada das chuvas, primavera, morte e refletiam a necessidade de comunhão, celebração e união entre as pessoas. De 1976 em diante centenas de Danças foram incorporadas ao repertório inicial e o movimento passou a se chamar "Danças Circulares Sagradas". E desde então este movimento se espalhou pelo mundo.

    A Dança Circular se chama e se torna Sagrada pelo fato de permitir que os participantes entrem em contato com sua essência, com seu EU Superior, com a Centelha Divina que existe dentro de cada um de nós. No momento deste contato, temos a união do corpo (matéria) com o espírito (energia). A dança quando praticada em academia (Figura 20), geralmente é realizada de mãos dadas e acredita-se que ao dar as mãos em círculo cria-se um fluxo de energia que vai sustentar o campo que se forma com a presença das pessoas e com todos os elementos da natureza presentes no ambiente.

Figura 20. Espaço de Dança Marta Brunelli – Rio Claro - SP

    As modalidades de danças circulares são descritas pelos estudiosos como:

    Danças dos Povos. É a dança dos povos do mundo inteiro, muitas com origem no folclore de cada país, outras tradicionais de comemorações, colheitas retratadas em manifestações populares e inicialmente em âmbito familiar (Figura 21).

Figura 21. Jongo da fazenda Machadinha – Quissamã - RJ

    Danças Meditativas. São dança que através do movimento repetido, pode-se entrar em estado de meditação. Bernhard Wosien chamava de Meditação na Dança (Figura 22). Os ritmos musicais mais usadas são de músicas clássicas, tradicionais e new age.

Figura 22. Dança Medieval

    Danças da Natureza e de Plantas Curativas. Com a evolução do movimento das Danças Circulares, foram surgindo coreografias que reverenciam a natureza e outras que vibram a energia das plantas curativas. Podemos citar Anastasia Geng (1922-2002) da Letônia, que intuiu uma música e uma coreografia para cada um dos 38 florais de Bach, com base no folclore daquela região.

Figura 23. Danças da Natureza e Curativas

    Danças Contemporâneas. São danças coreografadas por dançarinos da atualidade, algumas para músicas tradicionais, outras para músicas contemporâneas, com base nos passos e nos movimentos de cada tradição, tais como as danças alemãs, italianas, portuguesas tradicionais coreografadas para shows e festas típicas, conforme figura 24.

Figura 24. Dança Contemporânea

    O objetivo maior da dança circular é a saúde do ser humano.

    Conforme a definição da Organização Mundial da Saúde – OMS estar saudável é um estado de bem-estar físico, mental e social completo e não apenas a ausência de doença ou enfermidades. No mundo globalizado o stress é o distúrbio mais comum encontrado nas sociedades urbanas e em menor número nas rurais, são eles: hipertensão, doenças cardíacas, asma, úlceras, colite, diabetes, câncer, artrite, ansiedade, neuroses, enxaquecas, dores localizadas de coluna e joelhos. As formas de entretenimento social estão voltadas a grupos de pessoas que se identificam em um ponto convergente, seja esse uma atividade esportiva, uma apresentação musical, a prática de dança ou de reuniões religiosas e ou intelectuais, com o objetivo de sair da pressão causada pelas atividades rotineiras do seu dia-a-dia.

    O ponto de concordância mais forte entre as escolas de meditação e danças circulares é a importância de se reexercitar a atenção e alcançar o relaxamento. Meditação e relaxamento são coisas diferentes: em essência, a meditação é o esforço para reexercitar a atenção. É isso que dá à meditação os efeitos incomparáveis de obtenção de conhecimentos, aumento da concentração e capacidade de relacionar-se com empatia. A meditação é então usada como uma técnica rápida e fácil de relaxamento. Como proposta de entretenimento, a dança circular vem alcançando grande número de curiosos de todas as idades. Esses novos alunos descobrem em sua prática que, a tensão muscular está intimamente relacionada com a tensão mental e emocional. Quando se aprende que através da dança o alongar e o relaxar dos músculos proporciona um alívio e bem-estar que talvez nunca tenha vivenciado antes, o praticante desenvolverá seus próprios padrões de defesa característicos, que se expressarão em sua postura física, em seus movimentos coordenados e em um comportamento mais calmo perante a vida e em suas relações.

    Nós somos responsáveis pela nossa vida e o que fazemos dela, como disse Augusto Cury em seu livro “Você é Insubstituível” nascemos já no sufoco agora é procurar viver com qualidade e feliz!

    ...Hoje você procura lugares calmos e sem tumulto; naquela época, ninguém o seguraria na barriga de sua mãe. Queria dar a cara ao mundo. De repene... Incrível! Abriram a porta. Você nasceu! Todavia, espere! O mundo começou a desabar sobre você. Aspiraram seu nariz, amassaram você, a luz agrediu seus olhos. Você suspirou: “Que sufoco!”... (Augusto Cury, Você é Insubstituível – 2006).

Referências

Web

Outros artigos em Portugués

  www.efdeportes.com/
Búsqueda personalizada

EFDeportes.com, Revista Digital · Año 18 · N° 184 | Buenos Aires, Septiembre de 2013
© 1997-2013 Derechos reservados